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Vinyl | Martin Scorsese mistura gêneros musicais, drogas e violência na nova série da HBO

Programa remete às clássicas produções do diretor, mas se diferencia pela esperança

16.01.2016, às 09H00.

Vinyl, a nova série da HBO produzida por Mick Jagger, Terence Winter e Martin Scorsese, é uma obrigação para os fãs do rock, blues e punk dos anos 1970. A trilha e a estética remetem imediatamente a uma época em que Nova York representava a criatividade artística dos EUA, mesclada com a violência tradicional dos longas de Scorsese. O primeiro episódio, assistido com exclusividade pelo Omelete, vai além disso e apresenta um drama digno das produções de primeiro escalão da emissora.

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Bobby Cannavale é Richie Finestra o presidente da American Century Records, gravadora líder de mercado durante anos mas que, no início dos anos 1970, começa a perder espaço e entra em negociações para ser vendida aos alemães da Polygram. A ascendência italiana do personagem remete aos gângsteres icônicos de outras obras de Scorsese, mas se diferencia pela inocência e esperança com que executa seus planos. De início, Richie tenta salvar sua gravadora com preocupações humanas e artísticas, mas esbarra no vício em drogas; obsessão essa representada com vigor por Cannavale, que transmite a melancolia da perda de seu negócio em uma atuação dolorida e de olhar depressivo.

A trajetória de Finestra compra seu amor pela música, acima dos negócios, em um primeiro momento. Fanático da música negra americana, o produtor é o anti-herói clássico da TV recente: um sujeito que inicia a vida inocente e pautada por amores sinceros, mas que deve acabar corrompido pelo meio e suas tentações. O lado familiar não foi deixado de lado e tem papel preponderante na vida de Richie. Olivia Wilde vive sua esposa Devon, uma ex-atriz que deixa a carreira pela família ao mesmo tempo que tenta se livrar do álcool e das drogas - esse dilema, apresentado rapidamente no piloto, deve ser um dos pilares da interação entre o casal.

O elenco de apoio da espaço e acompanha bem a performance vigorosa de Cannavale. Boa parte dele serve como alívio cômico (J.C. Mackenzie, Ray Romano, Jack Quaid e P.J. Byrne principalmente) de toda a tragédia anunciada que é a vida da Century Records. Eles dão o equilíbrio necessário para a série não cair no peso dramático de outros projetos da HBO como Boardwalk Empire, por exemplo, outra série da dupla Scorsese/Winter. Essa mistura de violência, comédia, drama, drogas e música (fora o esmero técnico de seus figurinos e locações) é o que dá uma identidade à Vinyl.

O piloto de quase duas horas dirigido por Scorsese entrega tudo que os créditos badalados da série prometem. O êxito destes primeiros minutos de Vinyl, por outro lado, estão no desempenho de Cannavale e na capacidade da série conseguir suavizar seus momentos dramáticos com uma trilha impecável e piadas suaves. A julgar pelas impressões iniciais, a produção tem tudo para ser a melhor surpresa deste começo de 2016.

Vinyl estreia em 14 de fevereiro simultaneamente nos EUA e Brasil.

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