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Sherlock e a abominável noiva no ótimo especial de Natal

Capítulo chega para acalmar os ânimos de fãs ansiosos e cumpre missão

11.01.2016, às 14H47.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

É comum que séries britânicas tenham um especial de Natal. São muitas as produções do Reino Unido que produzem um conteúdo conteúdo específico para a época de festas de fim de ano - estamos falando, afinal, de uma região onde fica muito frio nessa época do ano e as pessoas tendem a ficar predominantemente em casa.

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No caso de "The Abominable Bride", o capítulo de Sherlock que foi exibido na BBC em 1º de janeiro, o caso não foi bem esse. Com dois grandes astros como protagonistas, a série não tem um calendário muito específico, variando, inevitavelmente, de acordo com as agendas de Benedict Cumberbatch e Martin Freeman. Sendo assim, tal episódio serviu mais como consolo aos fãs em um hiato que deve passar de dois anos entre a terceira e quarta temporada do que como o invariável especial de Natal.

Mesmo assim, o capítulo não deixou a desejar. Pouco tempo após ser anunciado, foi definido que sua ambientação seria a era vitoriana, dois séculos antes do momento atual no qual vemos essas versões de Sherlock e Dr. Watson. Nesse caso, portanto, era de se esperar que a história fosse completamente desconexa da trama pela qual acompanhamos há três temporadas. Não foi o caso.

[Cuidado, possíveis spoilers abaixo!]

"The Abominable Bride" começa com uma espécie de flashback: é a primeira cena da série, na qual John (Freeman) relembra seus momentos na guerra e chega em Londres, tempos depois, precisando de um companheiro para dividir a casa. Só que recriada no século 19. Por alguns momentos fica a sensação de que veremos novamente o episódio de estreia do programa, mas isso logo é deixado para trás e topamos com Mary (Amanda Abbington), nova esposa de John.

Assim como qualquer um dos outros capítulos, Sherlock tem um caso para investigar: a abominável noiva do título, que se mata em praça pública com um tiro na cabeça, somente para retornar algum tempo depois cometendo crimes diretamente do além-túmulo. Como todos, principalmente a polícia, estão aterrorizados com o caso, sobra nas mãos de Sherlock investigar como o suposto fantasma está matando suas vítimas - mesmo que haja um corpo da tal noiva no necrotério da cidade e ela tenha, de fato, um buraco na cabeça.

Steven Moffat e Mark Gatiss (que, além de roteirista, também acerta como um Mycroft sádico e obeso), surpreendem ao nos colocar de volta no jatinho que levava Sherlock ao final da terceira temporada. É inesperado da mesma forma que devíamos ter visto a conexão do caso da noiva com o do Moriarty (Andrew Scott). O vai e vem no tempo e no palácio mental do detetive não para e dá espaço a um espetáculo televisivo. Não que o caso da noiva seja o melhor no qual Sherlock já trabalhou ao longo dessas três temporadas, mas o mérito aqui vai todo para a estrutura narrativa.

Além da inventiva maneira de mostrar um Sherlock drogado sem, de fato, mostrá-lo drogado, "The Abominable Bride" acerta nos figurinos, cenários, ambientação, direção e atuação. Indo além, a partir do momento que o episódio estabelece que estamos no palácio mental, a narrativa linear é colocada em pausa e seguimos para uma interessante interação entre o detetive e seu maior inimigo. É curioso ver o relacionamento dos dois, principalmente um criado na cabeça de Sherlock. Romantizado por seu elaborado pensamento, tudo toma outras proporções e, a morte de Moriarty, outro significado.

Mesmo que apenas para segurar o ânimo de fãs ansiosos pela quarta temporada de Sherlock, "The Abominable Bride" foi um bom lembrete do que nos aguarda em breve. Mesmo que ainda leve um ano para chegarmos até lá.

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