“Futuro capitão”, diz Ed Speleers sobre surpresa bombástica em Star Trek: Picard

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Entrevista

“Futuro capitão”, diz Ed Speleers sobre surpresa bombástica em Star Trek: Picard

Em entrevista exclusiva ao Omelete, o intérprete de Jack Crusher afirma que quer continuar na franquia pelos próximos 15 anos: “Temos apenas que garantir que aconteça”

Omelete
7 min de leitura
24.02.2023, às 17H43.
Atualizada em 24.02.2023, ÀS 18H15

Junkets - eventos nos quais atores, atrizes, diretores e outros envolvidos conversam com a imprensa para promover um filme ou série - são extremamente cansativos para quem está sendo entrevistado. Nesses tempos onde é tudo online, então, virou uma linha de produção em massa: entram e saem da tela jornalistas do mundo inteiro, quase todos com cinco minutos para fazerem poucas (e quase sempre as mesmas) perguntas. É um processo que dura horas.

Um preço caro a se pagar pela divulgação do trabalho, podemos assim dizer.

Por isso, chama a atenção a presença de espírito de Ed Speleers na entrevista concedida ao Omelete durante a junket da terceira (e última) temporada de Star Trek: Picard, série que está estreando os novos episódios semanalmente nos streamings Prime Video e Paramount+. Ao ouvir que este jornalista era do Brasil e ver um monoposto de Fórmula 1 ao fundo, o ator perguntou: “Aquele é o carro do Ayrton Senna?

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Sim! De 1984”, respondi, surpreso, enquanto pegava da estante atrás de mim uma miniatura do Toleman TG184, o primeiro carro do tricampeão na F1. “Ele era uma lenda”, disse Speleers.

Esses segundos revelam alguém que estava curtindo cada novidade, longe de ficar entediado com as entrevistas, e maravilhado com o fato de chegar a uma franquia tão famosa - isso com um personagem destinado a dividir os fãs. Falaremos dele mais a seguir.

Bem-vindo à Star Trek, Ed. Você conseguiu!”, fiz questão de parabenizá-lo. “Como você se sente?

É emocionante”, respondeu um orgulhoso Speleers - que vem tendo um 2023 marcante, já que também estreou neste ano como o antagonista da quarta temporada de You, da Netflix. “Quando garoto, ou mesmo como um jovem ator, você se esforça por esses momentos. Tantas oportunidades, audições, vêm e vão, e nem sempre você consegue”.

O sentimento de conquista tem o seu motivo. Jornada nas Estrelas estreou na televisão americana em 1966, e marcou a história. Em 1987, a franquia exibiu o primeiro episódio de A Nova Geração, que adicionou mais personagens e enredos icônicos à cultura pop. Star Trek: Picard continua com a trajetória ao se passar 20 após os eventos de Jornada nas Estrelas: Nêmesis, o último longa-metragem dessa fase. Ou seja, a série atual é uma herdeira direta de uma linhagem de quase 57 anos, iniciada lá atrás pelo produtor e roteirista Gene Roddenberry.

Com o seu principal protagonista - Patrick Stewart - já com 82 anos, esta última temporada de Picard está sendo encarada como a despedida de A Nova Geração, incluindo o retorno de muitos de seus personagens. Foi nesse contexto que veio a escalação de Speleers para o papel de Jack Crusher - o filho mais novo da dra. Beverly Crusher (Gates McFadden), uma das protagonistas originais que também está de volta.

Foi um esforço muito grande, e senti como um momento muito especial. Algo que ninguém poderá tirar de mim. Eu genuinamente amei cada minuto, do começo ao fim, do trabalho com esses personagens tão icônicos”.

Estudando na “Universidade Star Trek”

Na abertura desta terceira temporada, Jack e a mãe - que pulam de planeta em planeta para ajudar e dar cuidados de saúde para aqueles que necessitam - se envolvem com grandes forças que estão agindo no submundo. Ao serem atacados, a médica emite um chamado de socorro que, além de tirar o almirante Jean-Luc Picard (Stewart) de seu château na França, também traz de volta para a ativa os velhos tripulantes da USS Enterprise-E.

Para Speleers, que está chegando só agora, restou estudar bastante para conseguir entrar no personagem e não deixar a peteca cair.

Eu vi algumas coisas, alguns dos filmes enquanto crescia, e um pouco da Nova Geração, mas não era um aficionado", revelou o ator, que tem 34 anos. “No entanto, preciso dar todo o crédito a[o produtor executivo] Terry Matalas, que me colocou na ‘Universidade Star Trek’ e me mandou todos esses episódios da Nova Geração, com uma grande lista do que ele achava que era relevante para esta temporada, incluindo filmes como Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato e até A Ira de Khan”.

O resultado dessa imersão? Isso mesmo: o mundo ganhou mais um trekkie.

E eu fiquei vidrado. Star Trek passou a significar tudo para mim, eu amo o que significa, e amo como une tantas pessoas. Estamos olhando para 60 anos de apoio, e as pessoas ainda estão encantadas, amando as histórias”, compartilhou Speleers. “Pode ser por causa da diversão e do escapismo, mas eu acredito que é também pelo que se fundamenta. Para mim, é algo que une as pessoas. Não apenas os fãs das séries, mas também o que a Frota Estelar representa e o que quer impulsionar: diversidade, igualdade, a tentativa de fazer do universo um lugar melhor. Não há melhor mensagem para ter em uma série de TV.

Com um cenário tão estabelecido, o que a nova temporada de Picard pode nos ensinar dentro desse contexto?

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É uma boa pergunta”, disse o britânico enquanto olhava para o lado - tentando lembrar dos elementos dos episódios, filmados ainda entre o final de 2021 e o começo de 2022. “Na minha opinião, podemos aprender a nunca nos julgar tão rapidamente, a confiar um nos outros para trabalharmos juntos, a ter compaixão, ouvir.

No que eu tenho pensado mais e mais é nesse elemento de ouvir o outro - que eu acredito que, neste mundo no qual vivemos, que se move o tempo todo, não estamos sempre ouvindo. Vamos fazendo as coisas antes mesmo de discutir da forma apropriada. A grande mensagem aqui é ouvir e entender. Isso é muito importante”, resumiu.

A nova Nova Geração

Atenção: a seguir, este texto contém spoilers do segundo episódio da terceira temporada de Star Trek: Picard.

O comentário de Ed Speleers ecoa bastante os acontecimentos dessa última temporada. Afinal, temos nada menos que três capitães disputando o posto de líder da USS Titan-A, sem se entender: Jean-Luc Picard, William Riker (Jonathan Frakes) e Liam Shaw (Todd Stashwick).

Riker você provavelmente conhece como o Número Um (ou Imediato, como preferir) de Picard nos tempos de Enterprise, mas o personagem cresceu o suficiente para ter o seu protagonismo e confiança em suas decisões. A isso adiciona-se Shaw - que parece levar os regulamentos acima de tudo, inclusive sobre as opiniões e pedidos pessoais da tripulação.

Com tantos caciques para uma só nave estelar, perguntei para Ed Speleers qual seria o melhor capitão na opinião dele - isso não só na série atual, mas em toda a franquia Jornada nas Estrelas, o que trouxe nomes como James T. Kirk (do elenco original), Kathryn Janeway (de Voyager) e Benjamin Sisko (Deep Space Nine) para a mesa.

Eu acho que ele [Jack] não chegou lá ainda, mas acredito que poderá ser um capitão no futuro…”, respondeu o ator - fazendo uma pausa dramática em seguida, antes de continuar. “Estou tentando dizer que sou eu, mas eu ainda não sou capitão… Quero dizer, eu deveria responder Picard, porque ele é o meu pai…

Spoiler!”, respondi, em tom de brincadeira - e Speleers ficou totalmente sem jeito. “Não se preocupe, vamos publicar depois de ir ao ar”, completei.

Isso mesmo: Jack é filho de Beverly Crusher com Jean-Luc Picard, em circunstâncias que ainda serão explicadas nos próximos episódios. Por enquanto, basta dizer que essa é uma polêmica - e interessante - adição ao folclore do mítico capitão.

Quem acompanha a Nova Geração desde os primórdios sabe que o personagem vivido por Patrick Stewart nunca se deu bem com crianças e jovens, isso em uma nave cheia deles. Foi algo que também temperou o conflito de Picard com outro filho de Beverly, Wesley Crusher.

Depois, o personagem se viu confrontado com o fato de nunca ter privilegiado a vida pessoal e não ter tido filhos. No longa-metragem Jornada nas Estrelas: Generations, após saber da morte do irmão Robert e do sobrinho René, o então capitão foi confrontado com o fato de ter se tornado o último da linhagem de sua família.

Além desses dilemas dentro do enredo, a revelação abre as portas para a franquia apresentar uma espécie de “Nova Nova Geração” no futuro próximo. Afinal, além de “Jack Picard”, esta terceira temporada adiciona ao mix as duas filhas do antigo engenheiro da Enterprise, Geordi La Forge (LeVar Burton): Sidney (Ashlei Sharpe Chestnut) e Alandra (Mica Burton, também filha de LeVar na vida real).

Jack definitivamente se encaixa nisso, temos apenas que garantir que aconteça”, disse um confiante Speleers. “Eu apoio essa ideia de todo o coração. Eu ficaria muito feliz em interpretar Jack Crusher pelos próximos dez, 15 anos, se eles quiserem”.

Pois é, no que depender do ator, a tradição de ver uma série de Jornada nas Estrelas protagonizada por um capitão de família francesa, mas com sotaque inglês, seguirá firme e forte.

Os dez episódios da última temporada de Star Trek: Picard estreiam semanalmente nas plataformas de streaming Amazon Prime Video e Paramount+.

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