Dá mesmo para fazer uma lista de 28 itens só com adaptações de Stephen King? Com certeza. Há mais de 40 filmes e séries baseados nas obras do mestre do horror responsável por clássicos como It - A Coisa, O Iluminado e Carrie. A essa altura do campeonato, é difícil achar uma de suas grandes histórias que não virou uma produção audiovisual.
Do terror à ficção-científica, do drama emocionante ao suspense agoniante, King já colocou em suas páginas alguns dos vampiros, monstros, palhaços e pistoleiros mais memoráveis da ficção, e boa parte já foi transportado para o cinema e para a TV. Nem tudo funcionou, claro, mas há muita coisa boa no meio. Alguns, inclusive, são clássicos absolutos e envolvem nomes como Stanley Kubrick, George A. Romero, John Carpenter, David Cronenberg, Tobe Hooper, Frank Darabont e Mike Flanagan.
Para celebrar um ano que promete ser especial para fãs do autor, com O Macaco e A Vida de Chuck nos cinemas, listamos os 28 melhores filmes e séries que adaptam os romances, contos e coletâneas de Stephen King ao longo do mês de fevereiro. Um item foi adicionado à lista todo dia. Agora, você pode conferir a lista completa abaixo!
Carrie, A Estranha (1976)
Onde ver: Para streaming no Telecine e MGM+. Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV+.
Por que ver: Primeiro livro lançado por Stephen King, Carrie, A Estranha estava destinado a ser também o primeiro grande sucesso do futuro mestre do horror nos cinemas - em parte graças ao faro pop impecável de Brian De Palma, que em 1976 estava no topo de seus poderes de cineasta-provocador. Quando ele colocou as mãos nesta história perturbadoramente sexualizada sobre uma adolescente vítima de bullying e oprimida pela mãe ultra religiosa, que em uma noite fatídica descobre ter poderes de telecinese, o resultado foi puro ouro cinematográfico. Conforme De Palma vai explorando imagens de paranoia teen atemporais, e esticando o suspense dos últimos atos da trama de maneira quase insuportável, a fragilidade de uma Sissy Spacek singularmente dedicada ao papel vai sendo queimada na retina do espectador, sinalizando o nascimento de um dos contadores de história mais emblemáticos do século XX - no cinema, também. - Caio Coletti
O Iluminado (1980)
Onde ver: Para streaming na Max. Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV+.
Por que ver: O Iluminado de Stanley Kubrick pode muito bem ser o melhor filme dessa lista, só não pergunte ao próprio Stephen King sobre seus méritos como adaptação. As mudanças na história e os focos de Kubrick foram suficientes para que o autor detestasse a forma como o livro foi transportado para a tela, e quem somos nós para discordar dele? Agora, como obra cinematográfica, o clássico do terror estrelado por Jack Nicholson é um titã do gênero, em grande parte por como Kubrick capturou a essência assustadora que paira sobre tantas páginas escritas por King; uma presença que corrói e distorce personagens e locais até levá-los à loucura. Não é à toa que isso acontece com Jack Torrance, e que o Overlook Hotel parece ser pouco a pouco descascado até virar um labirinto de morte e aparições. Kubrick e King podem ter suas diferenças. Nós adoramos os dois, e este é o filme que os uniu, quer queiram, quer não. - Guilherme Jacobs
It - A Coisa / It - Capítulo 2 (2017, 2019)
Onde ver: Para streaming na Max. Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV.
Por que ver: Financeiramente, essas são as maiores adaptações de Stephen King. Talvez tenha sido o timing (o lançamento pós-Stranger Things significou que o público tinha apetite por histórias como It, um livro que, claro, inspirou a série da Netflix). Talvez tenha sido o conhecimento geral sobre Pennywise, trazido à vida de maneira memorável por Bill Skarsgard, ou talvez tenha sido o ótimo trabalho de elenco, seja com os personagens na idade adulta ou ainda crianças. De qualquer forma, Andy Muschietti e seus colaboradores acertaram em cheio em praticamente todos os quesitos de King. Do clima de cidade meio esquecida e assombrada à brutalidade das mortes, da força da amizade ao desespero das perdas, os filmes de It são um sucesso. Se por um lado eles podem ser acusados de talvez diluir demais a acidez da obra (além de assustadores, eles, de fato, são divertidos) os filmes representam a maior prova da durabilidade e apelo comercial do escritor. - Guilherme Jacobs
Um Sonho de Liberdade (1994)
Onde ver: Para streaming na Max. Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV.
Por que ver: Um Sonho de Liberdadeé o melhor filme da história do cinema. Pelo menos é assim que os frequentadores do site IMDb veem o longa dirigido por Frank Darabont. Mais de 3 milhões de pessoas já assistiram ao longa e deram nota média de 9.3, acima do 9.2 de O Poderoso Chefão e 9 de Batman - O Cavaleiro das Trevas. Longe dos habituais temas explorados por King, a trama mostra uma história de amizade entre dois presidiários interpretados por Tim Robbins e Morgan Freeman. Embora no livro o personagem chamado Red seja descrito como um descendente de irlandeses de cabelos ruivos cada vez mais grisalhos, Morgan Freeman ficou com o papel que tinha como favoritos nomes como Robert Redford, Harrison Ford e Clint Eastwood. O ator, que foi indicado ao Oscar, define o roteiro como um dos melhores que já leu e coloca o filme como o seu favorito de todos os tempos. Ele e mais 3 milhões de pessoas! - Marcelo Forlani
Na Hora da Zona Morta (1983)
Onde ver: Para streaming no Oldflix.
Por que ver: David Cronenberg é uma das várias vozes que já adaptou King, e com Na Hora da Zona Morta (The Dead Zone), ele se revela como uma dos mais capazes de transportar a sensação de apodrecimento social e a ambientação assustadora do escritor. Ainda que nem tudo no filme funcione – especialmente o romance – a história de Johnny Smith (um surpreendentemente contido Christopher Walken) desenvolvendo uma espécie de premonição via toque é uma ótima parábola para a sociedade decadente, para a necessidade de conseguir enxergar através das máscaras, e do custo de fazê-lo. O ritmo do filme tem seus vais e vens, mas a obra mantém uma coerência visual e atmosférica até o fim. A zona morta se refere ao “poder” de Johnny, mas na prática, todos nesse filme parece estar morrendo. Eles só não sabem. - Guilherme Jacobs
Christine - O Carro Assassino (1983)
Onde ver: Para aluguel e compra no YouTube, Prime Video e Apple TV.
Por que ver: Listar as adaptações de Stephen King é, também, listar grandes cineastas. Entre os primeiros cinco itens dessa lista, já falamos sobre Brian De Palma, David Cronenberg e Stanley Kubrick. Com Christine, adicionamos John Carpenter. O mestre do horror adaptou o livro, um conto sobre paixões adolescentes e obsessões sexuais encarnadas (ou metalizadas) num carro demoníaco, em sua era de ouro como cineasta. Para além dos espíritos e almas, King é um ótimo observador da cultura estadunidense, particularmente em cidades pequenas e nas margens do sonho americano. Carpenter é, claro, o homem que trouxe o medo para os subúrbios com Halloween (1974), e nessa desconstrução da cultura dos anos 50, ele novamente perverte imagens clássicas, como garoto do High School num carro bacana. - Guilherme Jacobs
O Nevoeiro (2007)
Onde ver: Para streaming no Prime Video.
Por que ver: Terminar histórias nem sempre é fácil, e King tem seus altos e baixos nesse quesito. Talvez por isso ele saiba admirar algo que acerte em cheio na hora da conclusão, mesmo que essa seja diferente daquela que ele mesmo bolou. É o caso com O Nevoeiro de Frank Darabont, um filme que captura as piores vibes que o autor conseguiu imaginar para essa história de invasão alienígena, claustrofobia social e desespero paterno, e então dá um passo a mais em direção à miséria com um dos finais mais dolorosos, inesperados e comicamente perturbado possíveis. King disse publicamente preferir o fechamento do filme ao que ele colocou no romance, e entendemos 100% sua fala. O Nevoeiro tem grandes momentos, acerta em cheio na construção da tensão (em grande parte pelos ótimos visuais), mas são aqueles últimos 10 minutos que elevam esse filme. Vai arruinar seu dia, mas vale a pena. - Guilherme Jacobs
Jogo Perigoso (2017)
Onde ver: Para streaming na Netflix.
Por que ver: Primeiríssima investida de Mike Flanagan na bibliografia de King, Jogo Perigoso mostra a habilidade do cineasta em esticar os mundos tecidos pelo escritor na página sem deformá-los. O livro de 1992 no qual o filme da Netflix foi baseado era considerado “infilmável” por muita gente, até por se concentrar muito mais no espaço interior da protagonista, uma mulher que se vê presa em uma cabana quando o marido morre de infarto após algemá-la na cama como um joguinho sexual, do que em grandes acontecimentos externos. Flanagan sabiamente coloca a sempre formidável Carla Gugino no centro dessa trama, garantindo que o filme continuasse um deleite de se assistir mesmo enquanto ela permanece presa naquele cenário único - mas também brinca bastante flashbacks e sequências delirantes, realizados de forma tecnicamente impecável, para tirar Jogo Perigoso do mais do mesmo e revelar a história rica que ele, de fato, sempre teve para contar. - Caio Coletti
Doutor Sono (2019)
Onde ver: Para streaming na Max. Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV+.
Por que ver: Após Jogo Perigoso, a “dobradinha” Stephen King-Mike Flanagan embarcou em um projeto muito mais ousado. Adaptar Doutor Sono, sequência direta de um dos maiores clássicos do autor - e claro, do cinema - seria uma missão dificílima, principalmente pela notória insatisfação de King com o filme de Stanley Kubrick. O resultado, contudo, foi extremamente positivo, já que Flanagan soube captar a essência aterrorizante da obra e injetar a sua tensão quase claustrofóbica que tanto fez sucesso em séries como A Maldição da Residência Hill e A Maldição da Mansão Bly. Somado a isso ainda temos as performances cativantes de Ewan McGregor e Rebecca Ferguson, a segunda roubando a cena como a sedutora e sombria Rose the Hat, em um dos melhores papéis de sua carreira. - André Zuliani
Boogeyman - Seu Medo é Real (2023)
Onde ver: Para streaming no Disney+.
Por que ver: Depois de fazer o fenômeno pandêmico Host (2020), o diretor Rob Savage virou queridinho dos fãs de terror, até com base na promessa de produções genuinamente assustadoras retornando a um cenário que parecia mais preocupado com prestígio acadêmico do que com o fator “arrepio na espinha”. A premissa se provou verdadeira em Boogeyman, que usa um conto bem antigo de King (publicado originalmente um ano antes de Carrie, em 1973) para estruturar a história simples de uma família assombrada pelo bicho-papão, criatura realizada com efeitos especiais que usam inteligentemente os recursos limitados do orçamento. Construindo suas sequências mais tensas efetivamente nas sombras de uma casa moderna, e baseando a dinâmica familiar central em emoções simples, muito bem expressadas pelo elenco (destaque para Vivien Lyra Blair, a pequena Leia de Obi-Wan Kenobi), Savage faz o básico do horror com competência rara, e muito bem-vinda, nos dias de hoje. - Caio Coletti
11.22.63 (2016)
Onde ver: Para streaming no Prime Video.
Por que ver: Imagina que um dia você é apresentado a uma porta que te dá acesso ao passado e, independentemente do tempo que você passe lá dentro, quando você volta, apenas dois minutos se passaram. Com esse acesso ao passado, você é convencido de que o mundo poderia ser melhor caso você alterasse o curso de um acontecimento. Esse é o plot de 11.22.63, o meu livro favorito de Stephen King, que virou uma minissérie produzida pelo próprio autor, Bridget Carpenter, Bryan Burk e J.J. Abrams. Com James Franco no papel principal, como Jake Epping, acompanhamos uma história em que Jake volta ao passado para tentar evitar a morte de John F. Kennedy em 22 de novembro de 1963 - nome da série. Só que para isso ele precisa viver alguns anos no passado e se preparar para esse momento. Durante os oito episódios da minissérie, vemos grandes atuações de Franco, construindo uma nova vida no passado, que, como uma em boa história de Stephen King, faz de tudo para impedir as mudanças, e de Daniel Webber, que interpreta Lee Harvey Oswald, o assassino de Kennedy. Para quem gosta de uma boa ficção científica, viagem no tempo e efeito borboleta, 11.22.63 é uma ótima pedida. - Pedro Gilio
O Sobrevivente (1987)
Onde ver: Para streaming no Oldflix e Mercado Play.
Por que ver: Escrito pelo futuro diretor de Street Fighter e dirigido pelo ator mais famoso por ser metade da dupla Starsky & Hutch na televisão, O Sobrevivente é o puro suco dos anos 1980 - para o bem e para o mal. Apesar de seu background duvidoso, o diretor Paul Michael Glaser realiza um filme de ação futurista de alto conceito respeitável, embebido em uma estética meio circense que satiriza com sucesso o entretenimento anabolizado da América de Ronald Reagan. Já o roteirista Steven E. de Souza extrai do livro de King (assinado com seu famoso pseudônimo Richard Bachman) o subtexto anti-sistema mais óbvio possível, tudo enquanto distorce o anti-herói Ben Richards para caber no molde do fortão invencível que Arnold Schwarzenegger gostava de “interpretar” (com aspas, mesmo) na época. Mas impossível negar que o astro estava no topo de seus poderes estéticos, e que é muito divertido vê-lo enfrentando astros da luta livre em meio a cenários cheio de gelo seco - pão-e-circo dos bons. - Caio Coletti
The Outsider (2020)
Onde ver: Para streaming na Max.
Por que ver: O novelista Richard Price - também conhecido dos cinéfilos por escrever A Cor do Dinheiro, clássico de 1986 do diretor Martin Scorsese - assumiu a bronca de adaptar para a TV um dos livros mais densos da bibliografia recente de King. The Outsider (o volume literário foi originalmente publicado no Brasil como O Intruso) abraça sem medo o clima opressivo dessa história sobre como atos de violência se infiltram pelos cantos de uma comunidade e, como uma doença contagiosa ou uma maldição, vão fraturando as vidas de cada um de seus membros irreparavelmente. A série da HBO é rigorosa em sua construção visual, espetacularmente atuada por nomes como Ben Mendelsohn, Cynthia Erivo, Julianne Nicholson e Mare Winningham, e tem um dos finais mais emocionalmente satisfatórios dentre as adaptações de King. - Caio Coletti
Mr. Mercedes (2017-2019)
Onde ver: Para streaming no ClaroVideo.
Por que ver: Fã de The Outsider? Mr. Mercedes pode ser a série certa para você, uma vez que as duas produções baseadas em King dividem uma personagem: Holly Gibney, vivida por Erivo na série da HBO e por Justine Lupe em Mercedes. A produção, que teve três temporadas na defunta Audience Network, mostra uma Holly mais jovem, aprendiz do detetive particular Bill Hodges (Brendan Gleeson), enquanto tenta controlar os sintomas mais extremos do TOC. Desenvolvida pelo sempre eloquente David E. Kelley (Big Little Lies), Mercedes dobra o jogo de gato e rato entre Hodges e o serial killer Brady (Harry Treadaway) como análise da decadência dos Estados Unidos do século XXI. Apesar de guardarem certo carinho por seus personagens, Kelley e King pintam com amargor cristalino a vida deles em uma terra de descaso institucional absoluto, que conduz seus cidadãos ao extremismo com um sorriso assustador estampado no rosto. - Caio Coletti
O Telefone do Sr. Harrigan (2022)
Onde ver: Para streaming na Netflix.
Por que ver: Entre todas as adaptações de Stephen King, O Telefone do Sr. Harrigan provavelmente é uma das menos aclamadas. Estrelado pelo saudoso Donald Sutherland e o jovem Jaeden Martell, o filme segue um jovem pobre que consegue trabalho lendo livros para um milionário aposentado, o Sr. Harrigan. Os anos passam e eles gradualmente se tornam amigos e o jovem decide presentear o milionário com um smartphone para que eles se comuniquem. Quando o veterano morre, ele é enterrado com o celular e a vida do jovem se torna um verdadeiro filme de terror - Pedro Henrique Ribeiro.
A História de Lisey (2021)
Onde ver: Para streaming no Apple TV.
Por que ver: Stephen King em pessoa escreveu os oito episódios dessa minissérie do Apple TV+, que adapta o livro que o escritor já definiu, em várias entrevistas, como o seu favorito na própria bibliografia. O motivo é claro: apesar dos exageros fantasiosos, A História de Lisey é, largamente… a história de Tabitha King, esposa do autor. Transportada para a TV com um grau metódico de fidelidade, Lisey por vezes não consegue escapar de alguns engessamentos literários, mas segue sendo uma bela história de amor e dedicação que transcendem traumas e planos de existência, de uma mulher que navega o mundo incerto da imaginação do homem que ama para tentar resgatá-lo de lá. O diretor Pablo Larraín, enquanto isso, segue a deixa para criar uma minissérie convincentemente difusa, quase lânguida, que deve funcionar ainda melhor quando vista em maratona. - Caio Coletti
Chamas da Vingança (1984)
Onde ver: Somente mídia física.
Por Que ver: Stephen King não é muito fã de Chamas da Vingança- de fato, na época do lançamento do filme, o autor o definiu como “sem sabor nenhum”. E ele não está exatamente errado em julgar o longa de 1984 como um exemplar pouco excitante de cinema, mas também há algo de charmoso na narrativa subversiva de revolta institucional que o diretor Mark L. Lester e o roteirista Stanley Mann tiram dessa história sobre uma menina com poderes de pirocinese (leia-se: ela produz e controla o fogo) caçada por agências governamentais. Talvez seja um caso de “sinal dos tempos”, mas basta comparar esse Chamas da Vingança com o horroroso remake de 2022 estrelado por Zac Efron para valorizar um pouco mais o ressentimento desprendido que corre pelo subterrâneo deste thriller de ação com bons efeitos especiais - e uma ótima Drew Barrymore. Às vezes, só valorizamos uma coisa boa quando a perdemos. - Caio Coletti
It: Uma Obra Prima do Medo (1990)
Onde ver: Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV.
Antes de Andy Muschietti conquistar o mundo com a duologia de It: A Coisa, uma primeira adaptação da obra de Stephen King já havia aumentado o número de fãs do livro anos antes. Em 1990, otelefilme dividido em duas partes It: Uma Obra P Prima do Medo trouxe para as telinhas a história do grupo de amigos do Clube dos Perdedores e seus embates mortais com a entidade demoníaca que assume a forma do palhaço macabro Pennywise. Fiel ao livro original, o longa ganhou status de cult ao longo dos anos pela excelente atuação de Tim Curry no papel do vilão, e o elenco adulto ainda tinha grandes nomes que marcaram (ou viriam a marcar) a história da TV norte-americana, como Richard Thomas (Os Waltons), John Ritter (O Pestinha), Annette O’Toole (Smallville, Virgin River), Harry Anderson (Night Court) e Seth Green (Buffy, a Caça-Vampiros). - André Zuliani
Castle Rock (2018-2019)
Onde ver: Somente mídia física.
O conceito ambicioso de Castle Rock, série antológica idealizada em 2018 pelo produtor J.J. Abrams, era revisar e misturar várias das histórias e personagens da bibliografia de King em narrativas que se concentravam na cidade do título, mencionada em várias de suas obras. Na prática, a força da série estava na metalinguagem: sim, Lizzy Caplan fez uma Annie Wilkes respeitável no segundo ano, ambientado anos antes de sua aparição famosa em Louca Obsessão; mas foi muito mais legal ver Sissy Spacek retornando ao mundo de King para interpretar uma personagem original, criada na rasteira de relações sugeridas e e conexões temáticas tênues com algumas obras do autor. Quando trabalhava nesta chave, Castle Rock era uma adição fascinante a um dos cânones mais intrincados da literatura moderna, e uma exploração da modernidade dos temas que ele aborda. Uma pena que tão pouca gente viu, e ainda menos gente ligou quando a série foi cancelada. - Caio Coletti
À Espera de Um Milagre (1999)
Onde ver: Para streaming na Max. Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV.
Longe do sangue e das criaturas, À Espera de um Milagre tem no corredor da morte seu tabuleiro para misturar terror e fantasia com a história de Paul Edgecomb (Tom Hanks), um carcereiro que tem seu cotidiano mudado com a presença de um novo preso: John Coffey (Michael Clarke Duncan). O jeito inocente e meigo de Coffey não condiz em nada com a atrocidade que ele é acusado e mandado para a cadeira elétrica. Para deixar todos ainda mais impressionados, o gigantesco presidiário parece ter o dom da cura, algo que vai levar Paul e os companheiros a tramar um plano mirabolante no meio da história. Frank Darabont - que já havia feito o incrível Um Sonho de Liberdade, também uma adaptação de King - mescla com perfeição os momentos mais leves com o horror daquele local e de figuras que surgem, como Wild Bill (Sam Rockwell) e Percy (Doug Hutchinson), e, claro, da iminência da execução na cadeira elétrica. Um pequeno clássico moderno do excelente ano de 1999. - Alexandre Almeida.
The Stand (2020)
Onde ver: Somente mídia física.
O monumental horror pós-apocalíptico A Dança da Morte, publicado em 1978 por King (uma das edições em português, por exemplo, conta com 1248 páginas), foi adaptado para a TV duas vezes. A primeira, de 1994, é a favorita da maioria dos fãs, foi indicada a uma mão cheia de Emmys e conta com Jamey Sheridan como o que muitos consideram a versão definitiva de Randall Flagg, vilão recorrente na bibliografia do autor. Eu prefiro a versão de 2020, que troca Sheridan por um excelente Alexander Skarsgård e encarna algo de mais vulgar, sujo e, talvez por isso mesmo, ameaçador na obra de King. Coescrita por Owen King (sim, ele é filho do rei do terror), essa história fundamentalmente mitológica sobre uma humanidade dividida entre duas figuras de autoridade após o horror de uma pandemia mortal se mostrou oportuna e poderosa na época em que foi lançada. Decadência, imoralidade e os laços frágeis de comunidade que nos unem - nada mais contemporâneo do que isso. - Caio Coletti
Louca Obsessão (1990)
Onde ver: Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV.
A relação entre criadores e fãs já foi dramatizada em inúmeros filmes, livros e séries. De obras-primas (O Rei da Comédia) a tentativas polêmicas de fazê-lo (Coringa: Delírio a Dois), autores estão constantemente lidando com as expectativas, desejos e frustrações de seus mais ardentes seguidores. Louca Obsessão figura entre as melhores explorações dessa dinâmica, com a enfermeira Annie Wilkes de uma espetacular Kathy Bates encarnando a admiração de quem se vê numa história e a ira que surge quando essa mesma história, de alguma forma, foge do que se espera - muito antes de "fãs" se revoltarem quando Star Wars ou Matrix supostamente os traíram. Que ela permaneça minimamente trágica enquanto faz o escritor Paul Sheldon (Jimmy Caan) de refém é um testamento para o trabalho da atriz, que Rob Reiner filma como uma gigante de gestos infantis. - Guilherme Jacobs
Os Vampiros de Salém (1979)
Onde ver: Para streaming no Internet Archive
Hoje, os relatos de como esta adaptação – devagar, longa e sofrendo de alguns cacoetes clássicos de telefilmes – de A Hora do Vampiro assustou uma geração podem parecer exagerados, mas Tobe Hooper sabe colocar uma imagem em tela. Além de demonstrar um entendimento cômico mas afiado da dinâmica de fofocas e segredos de uma cidade pequena, o diretor de O Massacre da Serra-Elétrica e Poltergeist sabe colocar em tela uma imagem bizarra e marcante. Em Os Vampiros de Salém, apesar de demorar a aparecer (ou por causa disso), não há imagem maior do que a de Barlow – o vampiro, de dentes longos, pele pálida e olhos amarelos demanda nossa atenção. É como se ele nos hipnotizasse como uma de suas vítimas. Barlow não tem muito tempo de tela, mas podemos recomendar esta produção com base nisso independente das poucas cenas, e isso é um testamento para o poder de sua aparição. - Guilherme Jacobs
Cemitério Maldito (1989)
Onde ver: Para streaming no Mercado Play. Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV.
Não vamos fugir da realidade: com exceção de Fred Gwynne, as atuações desta adaptação de Cemitério Maldito não são as melhores. Elas variam de irregulares a terríveis, e tem horas que é difícil comprar a tragédia dos personagens, em particular do Louis Creed de Dale Midkiff. Mas Mary Lambert, auxiliada por efeitos práticos nojentos e uma fantástica atmosfera de perda e tristeza, pauta bem a história de King sobre um cemitério que traz os animais enterrados lá de volta à vida, e o que acontece quando um pai decide tentar reviver seu filho assim. Muito do que faz o terror de King especial está no contraste entre as cercas brancas e pitorescas do sonho americano e os segredos pútridos que residem dentro daquelas casas. Cemitério Maldito não é um grande filme, mas poucas adaptações entendem e reproduzem isso tão bem.
O Macaco (2025)
Onde ver: Nos cinemas a partir de 3 de março
A mais nova adaptação de Stephen King oferece algo que poucos projetos nessa lista têm: comédia. É claro que trata-se de um humor macabro, ácido e perturbado, mas essa é parte da graça. Theo James não consegue entrega tudo que o filme pede, mas Oz Perkins – filho de Anthony Perkins, o Norman Bates de Psicose – consegue inserir mortes divertidas o suficiente nessa história de trauma geracional para nos prender por 90 minutos. Aliás, o filho de Norman Bates fazendo um filme sobre aprender a viver com o terror que vive no sangue de uma família é, por si só, uma proposta bem interessante. Tudo fica óbvio bem rápido, e O Macaco passa a sobreviver nos méritos dos seus “episódios.” Algumas mortes são sangrentas e inesperadas o suficiente para sustentar a energia. - Guilherme Jacobs
Conta Comigo (1986)
Onde ver: Disponível para streaming na Netflix, ou para compra e aluguel no Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube.
Se for fazer uma lista de "filmes de amadurecimento", certamente você vai colocar Conta Comigo (Stand By Me, 1986). Adaptação do romance O Corpo, o longa conta a aventura de um grupo de amigos que sai em busca de um corpo. Dirigido por Rob Reiner (Harry e Sally: Feitos um para o Outro e Louca Obsessão), este clássico da Sessão da Tarde foi responsável por mostrar ao mundo um jovem talentosíssimo chamado River Phoenix (1970-1993), que atua ao lado de Wil Wheaton (The Big Bang Theory), Corey Feldman (Os Goonies) e Jerry O'Connell (Dimensões Paralelas). Juntos, eles saem atrás de uma aventura, mas acabam descobrindo muito sobre amizade e o que realmente interessa na vida. Além de ótimos diálogos, o filme ainda tem cenas icônicas, como aquela da linha do trem. Para ver e rever sempre! - Marcelo Forlani
Creepshow (1982)
Onde ver: Para aluguel e compra no Prime Video e Apple TV, ou em mídia física.
Creepshow (às vezes chamado de Arrepio do Medo ou Show de Horrores no Brasil) vai além de uma adaptação de Stephen King. Dois contos do autor (Weeds e o assustador The Crate) são adaptados, mas as cinco histórias da antologia de terror e comédia dirigida pelo lendário George A. Romero são escritas por King. O filme é uma celebração do horror – adaptando capítulos de uma revista em quadrinho inspirada em Tales of the Crypt e outras publicações de sua infância, King e Romero colocam em tela narrativas bizarras, nojentas, hilárias e trágicas enquanto refletem o seu amor, e por tabela o da audiência, pelos sustos. A moldura do filme é que a revista onde estão as histórias é de uma criança cuja obsessão por terror é reprovada pelo pai. É fácil nos enxergar nesse papel, e é fácil enxergar King. – Guilherme Jacobs
A Vida de Chuck (2025)
Onde ver: Nos cinemas a partir de 21 de agosto
Menos O Iluminado e It - A Coisa e muito mais próximo da melancolia fantástica de À Espera de um Milagre, A Vida de Chuck é a prova de que o diretor Mike Flanagan domina a visão de Stephen King e consegue transpor sua linguagem para as telas. Adicione na fórmula o charme de Tom Hiddleston - especialmente numa excelente cena de dança - e Mark Hammil em um de seus melhores papéis e A Vida de Chuck logo conquistou o coração do público no Festival de Toronto, em 2024, ganhando o principal prêmio do TIFF. A história é dividida em três partes, contando a infância, uma passagem quando já é adulto e a finitude de Chuck, que inunda a vida de todos que cruzam seu caminho de alguma forma. A Vida de Chuck é uma jornada emocionante, carismática e cheia de pequenos grandes momentos, ancorados pelo talento técnico e narrativo de Flanagan e o maravilhoso elenco que ele reuniu. - Alexandre Almeida
Assistimos a A Vida de Chuck no Festival de Toronto 2024. Leia nossa crítica.