Quando Lady Gaga pisa no palco, você pode esperar teatro. Quando Beyoncé está prestes a se apresentar, a expectativa é discurso social e detalhismo técnico. Quando Katy Perry está na escalação, todo mundo sabe que vem um show engraçado e colorido por aí. As três popstars já se encarregaram do Super Bowl, e todas entregaram exatamente o que treinaram o seu público para esperar, o tipo de espetáculo que as definiu como entidades culturais no ecossistema pop americano. Por que Rihanna seria diferente?
Talvez a prolongada ausência da cantora barbadiana, que não lança um álbum há sete anos e não se apresenta ao vivo há quase tanto tempo, tenha nos feito esquecer exatamente qual papel ela costumava desempenhar nesse mesmo ecossistema que abriga Gaga, Beyoncé, Katy - e, desde que ela saiu de cena, muitas outras jovens estrelas. Diante da crescente elaboração dramática que o jogo pop se tornou no final dos anos 2000, Rihanna sempre foi a encarregada de nos lembrar que esse tipo de música é feito, acima de tudo, para relaxar os ombros e dançar.
Quando subiu ao palco para um dos Super Bowl’s mais despretensiosamente divertidos da memória recente, portanto, Rihanna estava apenas… sendo Rihanna. Trajada em um conjunto de suéter vermelho e tênis, sem deixar de exibir a barriguinha de grávida, ela desfilou (às vezes, literalmente) por um palco previsivelmente grandioso com a confiança confortável de quem sabe ter um catálogo de canções que marcaram época e uma horda de fãs e ouvintes de pop casuais rendidos diante da possibilidade de reencontrá-la.
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O efeito é intoxicante, se você deixá-lo ser. Quando Rihanna solta passos de dança nada atléticos, realizados só pelo gosto de balançar no compasso da música junto com seus bailarinos (muitos e muito bem ensaiados), é difícil não balançar com ela. Quando ela é erguida no ar para um final apoteótico ao som de “Diamonds”, é difícil não comprar o esforço mitológico que quer devolvê-la ao seu lugar de direito como uma das grandes figuras pop do nosso tempo. E, quando Rihanna solta o seu sorrisinho cúmplice para a câmera, é difícil não sorrir de volta.
Já dançamos, cantamos e sorrimos muito com ela, no fim das contas. O ressurgimento dessa Rihanna mais velha, mais confortável na própria pele, mais descontraída em relação ao próprio papel no mundo da música, é mais do que bem-vindo para qualquer um que reconheça os seus ídolos como humanos, e aceite amadurecer com eles. Aos outros, bom… O tempo provavelmente será cruel com eles também.