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Séries e TV
Artigo

Big Love - Amor imenso

Série da HBO mostra a história de um homem e suas três mulheres

CG
31.01.2007, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H21
Os órfãos de A sete palmos

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Big Love

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( Six feet under, 2001-2005) não tiveram muito tempo para chorar. Poucos meses depois do fim da série, a HBO
veio com um novo (e excelente) motivo para não sair de casa nos domingos à noite. Sem grande alarde colocou no ar Amor imenso ( Big love ), a história de uma família polígama. A série é produzida por Tom Hanks e conta com diretores de alto quilate, responsáveis por alguns dos episódios mais memoráveis de A sete palmos , como Rodrigo Garcia e Alan Poul . A primeira temporada, com 12 episódios, será reprisada a partir do dia 2 de fevereiro no canal por assinatura, permitindo que quem não acompanhou desde o começo se prepare para a segunda temporada, que vem por aí.

No lugar da funerária dos Fischer, entra a Henrickson Home Plus: uma loja de material de construção e suprimentos domésticos que acaba de abrir a sua primeira filial. O conflito familiar continua no centro da trama, mas os três irmãos da antiga série dão lugar a três mulheres e um homem que optaram por um estilo de vida para lá de difícil: a poligamia. Para pôr ordem no dia-a-dia eles precisam, em primeiro lugar, manter o arranjo em segredo, já que a prática é proibida por lei nos Estados Unidos e condenada oficialmente pela religião que seguem, a mórmon, que aboliu os casamentos múltiplos em 1890.

Em segundo lugar, vem a dura tarefa de conciliar as emoções com o calendário, que estabelece uma divisão estrita das noites que cabem a cada esposa, a cada mês. Em terceiro, as restrições orçamentárias: são três casas aparentemente separadas, conectadas por um grande quintal com uma piscina, e sete filhos com idades que vão dos 3 meses aos 16 anos. Há também um antigo investidor, que se vale das mais variadas ameaças para continuar com uma participação no faturamento das lojas; um irmão recém-saído das drogas que espera o primeiro filho e uma mãe desequilibrada, que se nega a levar ao hospital o marido moribundo. Isso sem contar os segredos que cada um guarda: uma impotência disfarçada com viagra, dívidas no cartão de crédito, a amizade clandestina com uma vizinha...

A sensação do espectador é a de que, a qualquer momento, algo de terrível vai acontecer. A aparente normalidade de levar crianças à escola, providenciar almoço para 11 pessoas e gerenciar uma loja de médio porte é sacudida pelas crises de ciúmes das três esposas, pelas rebeliões dos filhos pequenos e por aparições repentinas de caubóis em caminhonetes que mais parecem tanques de guerra e de mulheres vestidas com roupas camponesas do século 19. São os habitantes de Juniper Creek, a comunidade rural de polígamos onde nasceu o protagonista, Bill Henrickson.

Ele tem pouco mais de 40 anos e é interpretado pelo excelente Bill Paxton, indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator de Série Dramática em 2007. Aos 18 anos foi expulso da comunidade — uma prática comum na vida real das comunidades polígamas, em que os homens mais velhos vêem na expulsão (e às vezes no assassinato) dos rapazes com idade para se casar a maneira mais eficiente de eliminar a concorrência e garantir para si as garotas mais bonitas. Suas três mulheres que, de acordo com a tradição, devem viver e se tratar como irmãs, são Barb (Jeanne Tripplehorn), Nicki (Chloë Sevigny) e Margene (Ginnifer Goodwin). A primeira é mãe de Sarah, 16; Ben, 15, e Teenie, 8. A segunda, de Wayne, 4, e Raymond, 3. E a terceira, de Aaron, 1,5, e Lester, 3 meses.

Como se dividir o marido e a rotina não fossem razões suficientes para conflito, elas ainda têm de obedecer a uma rígida hierarquia, no topo da qual está Barb, a primeira esposa. É ela quem gerencia as finanças e distribui as tarefas. É ela que distribui no calendário as noites em que Bill dormirá com cada uma, observando datas de aniversário e ciclos menstruais. É ela também que mora na maior casa, onde acontecem os jantares conjuntos, chamados de family nights.

Nicki, a segunda, vive na segunda melhor casa e dá as ordens quando Barb não está presente. Geniosa é a que menos se adapta às regras estabelecidas e vive de provocação em provocação. Ela é filha de Roman Grant, o "Profeta" no comando de Juniper Creek e de uma organização de contornos mafiosos que dá golpes imobiliários pelo estado de Utah e extorque antigos devedores de favores, como Bill.

Margene, há pouco mais de dois anos na família, é a terceira esposa, a que quase não tem móveis em sua casa e a quem cabe apenas obedecer. Seu único direito também é compartilhado pelas outras: exclusividade sexual nos dias que lhe são assinalados no calendário de cada mês. As regras e o dia-a-dia compartilhado os tornam muito próximos. Em tempos de harmonia, eles mais parecem quatro pessoas casadas umas com as outras do que três mulheres e um marido — situação que se exacerba nos momentos de ciúme e contrariedade.

Mas "viver o Princípio" (como os mórmons que ainda praticam a poligamia a chamam) não fazia parte dos planos originais de Bill e Barb, que se conheceram na universidade. A vinda de Nicki, a segunda esposa, não foi exatamente planejada. Quando Barb descobriu que tinha câncer, seus três filhos eram relativamente pequenos e ela foi trazida de Juniper Creek para ajudar como babá. Como passaram a maior parte de suas vidas como filhos de um casal comum, sem ter de se esconder, os dois filhos mais velhos não estão exatamente adaptados à nova situação. Sarah, claramente contra a poligamia, flerta com o perigo trazendo para casa a sua mais nova amiga, Heather, filha de um policial local. Ben, enquanto considera a possibilidade de aderir ao "Princípio", luta contra os hormônios, o tesão da namorada, o próprio desejo e a convicção de que Deus o quer casto.

Os filhos são apenas dois dos personagens que oferecem ao espectador um olhar externo sobre as dores e os prazeres de se formar um "casal múltiplo". Vizinhos, colegas de escola, os membros de Juniper Creek e funcionários da loja de Bill são utilizados pelos roteiristas para abordar os muitos aspectos que fazem da poligamia uma escolha complicadíssima. A escolha dos autores é acertada, pois lhes permite apresentar altos e baixos sem um julgamento definitivo. As personalidades e histórias de vida das três esposas também contribuem para a densidade da história: uma desafia sua formação mórmon tradicional e briga com a família pelo amor de um homem; outra sofre com a modernidade, a necessidade de viver às escondidas e sente falta da proteção da comunidade fechada em que cresceu; a última, que nem mórmon era, tenta se adaptar para finalmente ter uma família.

Não há condenação ou apologia na forma de retratá-los — com exceção dos momentos em que costumes como o casamento de homens de mais de 70 anos com adolescentes de 15 são apresentados. No geral, os 12 excelentes episódios da primeira temporada são permeados por uma pergunta muito comum nos nossos tempos em que a estrutura familiar tradicional está longe de ser predominante: até que ponto o Estado ou a religião têm direito de intervir nas escolhas que adultos fazem de como viver. Sem o peso da clandestinidade, certamente, a vida dos Henrickson seria um tantinho menos complicada.

[De acordo com relatório publicado em conjunto pelos departamentos de justiça dos estados de Utah e do Arizona (onde há uma grande concentração de mórmons e de comunidades rurais desses religiosos) existem entre 20 e 40 mil praticantes da poligamia nos Estados Unidos. Sua presença na mídia é constante, tanto em protestos pela descriminalização dos casamentos múltiplos quanto por casos de abusos de adolescentes que vão parar na delegacia.]

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