Quando foi anunciado, em 2018, que Jordan Peele e sua produtora Monkeypay Productions trabalhariam em uma nova versão de O Mistério de Candyman (1992), houve uma boa dose de confusão sobre qual ligação haveria entre a nova história e a original. Inicialmente anunciada como sequência, a trama passou a ser antecipada como um reboot quando as negociações de Yahya Adbul-Mateen II para o filme foram noticiadas dando conta que ele daria vida ao personagem-título. Além disso, LaKeith Stanfield era vinculado ao papel de protagonista, estando até hoje, inclusive, presente em algumas listas de elenco de A Lenda de Candyman. Com o filme chegando aos cinemas brasileiros nesta semana, entretanto, as dúvidas podem enfim acabar.
Não só Abdul-Mateen II nunca negociou para usar o gancho assassino do vilão, como Stanfield nunca esteve vinculado ao projeto. O ator de Aquaman (2018) e Watchmen, na realidade, interpreta o artista plástico Anthony McCoy, protagonista que conduz o espectador a mais uma espiral de mortes e destruição deixada pelo Candyman. Para o papel da entidade assassina, o filme traz o retorno de Tony Todd, em participação arrepiante que ajuda a deixar claro: A Lenda de Candyman é uma sequência direta do filme de 1992. Só que a nova história sobre a lenda urbana criada por Clive Barker é também um remake parcial, bem como um reboot para ou outros filmes da franquia.
Enquanto o filme original focava na pesquisa acadêmica de Helen Lyle (Virginia Madsen) sobre lendas urbanas, e como isso a levava ao encontro de Candyman, o novo filme, dirigido por Nia DaCosta e produzido por Jordan Peele, reconstrói a trama trocando ela por McCoy e o mundo acadêmico pelo cenário da arte. A sátira ácida à arrogância e hipocrisia permanente em ambas as esferas é claramente conectada, e a forma como as ambições pessoais dos protagonistas os levam ao coração do horror é extremamente similar. Estruturalmente, é como se A Lenda de Candyman fosse de fato um remake de O Mistério de Candyman.
Só que aí há de se considerar Candyman 2 - A Vingança (1995) e Candyman: Dia dos Mortos (1999), filmes que criam diferentes fraquezas e componentes da maldição de Candyman e que, na produção dirigida por DaCosta, são absolutamente apagados. A Lenda de Candyman, inclusive, explicitamente ignora o terceiro filme da saga ao se passar quase que simultaneamente a ele, já que a produção do fim dos anos 1990 era situada em 2020. Além disso, o novo capítulo da franquia deixa evidente a possibilidade de seguir com mais histórias desse universo, agora em um novo rumo narrativo, como todo bom reboot faz.
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Ainda assim, é mesmo como sequência que A Lenda de Candyman toma forma completa, não só mantendo em cânone os acontecimentos do filme de 1992, como fazendo deles alguns dos mais importantes alicerces da história que conta. Uma escolha inteligente de DaCosta, Peele e o terceiro roteirista da produção, Win Rosenfeld, já que reacende o interesse pelo filme clássico, agrada seus fãs e enriquece o peso dos acontecimentos da nova trama.