Alguns atores tem sorte de primeira, enquanto outros passam a carreira toda tentando emplacar um grande papel. Jason Momoa, porém, tem uma história repleta de altos e baixos. O ator havaiano teve grandes papéis antes nos seus primeiros anos, como em S.O.S. Malibu, Stargate: Atlantis e, claro, Game of Thrones - mas sempre intercalados com várias porcarias. Nada exemplifica melhor essas idas-e-vindas do que Lobos (2014), filme que fez após ser Khal Drogo e anos antes de virar o Aquaman nos filmes da DC.
O longa é de David Hayter, que escreveu a trilogia X-Men no começo dos anos 2000 e também Watchmen - O Filme (2009), mas que é mais conhecido por dublar Solid Snake em Metal Gear Solid. Em 2012, depois de anos sem roteirizar nenhum projeto, Hayter viu a oportunidade de fazer sua estreia como diretor, e também de finalmente fazer um de seus projetos do coração: uma história de amadurecimento envolvendo lobisomems.
A trama acompanha Cayden (Lucas Till, de X-Men: Primeira Classe), garoto falsamente acusado de assassinar os pais. Na sua fuga, ele para na pequena cidade de Lupine Ridge, onde descobre os segredos de seu passado e aprende a ser um homem ao desafiar Connor (Momoa), o chefão do lugar. O próprio Hayter descrevia sua obra como “Crepúsculo com mais mordidas e nenhuma abstinência”.
Em 2020, Lobos é um caso curioso de se examinar. Antes de tudo, é bom tirar do caminho: o filme é péssimo em todos os sentidos. A atuação de Till é engessada, a estética é uma mistura de impostor de Crepúsculo com adaptação barata de HQs, e a narrativa é inconsistente e cansativa. Isso, é claro, sem contar com os diálogos vergonhosos, as maquiagens baratas, e uma terrível cena de sexo entre lobisomems (sim). É um daqueles casos de ser tão ruim que sequer tem forças para dar a volta e se tornar divertido. Mesmo assim, é interessante pela presença de Jason Momoa.
Mesmo atuando com roteiro medíocre e lentes de contato estranhas, o carisma do ator sobrevive ao desastre com um vilão que provoca, mas também amedronta. Talvez por ter entendido o nível da produção, Momoa tenha ficado mais confortável e tratou o trabalho com leveza. Foi ali que ele desenvolveu seu lado de brucutu canastrão, que viria a conquistar o público quando voltasse novamente em 2016, com Aquaman.
Entre Lobos e o filme da DC, Momoa voltou a se envolver com algumas porcarias, mas os dias de luta do ator parecem ter ficado no passado. Não só sua aventura de herói fez US$1,1 bilhão e está com sequência garantida, como ele voltou em Liga da Justiça (2017) e deu as caras em Uma Aventura LEGO 2 (2019). Além disso, liderou o elenco de duas séries de TV - Frontier, da Netflix, e See, do Apple TV+- e está confirmado no elenco de Duna.
Lobos é um filme medíocre que não tem muito para divertir, e menos ainda para ser lembrado. Mas é bastante irônico de reassisti-lo pensando que, nos dias de hoje, um de seus atores se encontrou, e atrai o público apenas pela menção de seu nome.
Lobos está disponível no catálogo da Amazon Prime Video.
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