Cena do filme Não Abra!

Créditos da imagem: Divulgação

Filmes

Entrevista

Não Abra! | Diretor conta como criou monstro de origem indiana em terror

Longa marca estreia de Bishal Dutta como diretor e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (2)

Omelete
3 min de leitura
02.11.2023, às 08H00.

Filmes de terror envolvendo possessões demoníacas e espíritos malignos nem sempre conseguem entregar uma história original ou que se diferencie minimamente das outras tantas obras que possuem a mesma temática - mas diferentemente dos espíritos a que já estamos acostumados, a ameaça de Não Abra! se alimenta de um elemento específico e raramente retratado: as inseguranças de uma adolescente imigrante que vive em uma realidade predominantemente branca, longe de suas tradições e da cultura indiana.

O longa - que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (2) - marca a estreia da carreira de Bishal Dutta como diretor e brilha ao trazer a especificidade cultural de seu monstro como ponto focal, bem como os meios pelos quais a protagonista, Samidha, deve enfrentá-lo, na medida em que passa a resgatar as partes de si mesma das quais procurou escapar.

Em entrevista exclusiva ao Omelete, Dutta explicou que quis trazer o sentimento de deslocamento da sua experiência como imigrante para dar vida ao filme.

Mudei-me para a América quando tinha quatro anos. Eu acho que me senti muito preso entre dois mundos - ser indiano e ser americano - e pensei que esse seria um grande conflito para um filme de terror”, contou o diretor.

Os problemas de Sam com suas inseguranças e sua necessidade de se desvincular de sua cultura, se aproximando cada vez mais dos costumes de seus amigos norte-americanos, acabam sendo ofuscados pelo Pishacha - um demônio de origem hindu que a protagonista liberta acidentalmente ao discutir com uma antiga colega da escola.

Eu tinha ouvido falar sobre o Pishacha durante a minha infância e várias frases que eu ouvia eram vinculadas a ele. Por exemplo: 'não durma com um sentimento ruim no coração’. Essa é uma frase que tirei diretamente da minha infância, ligada à mitologia do Pishacha.

Por lidar com um demônio que se alimenta do medo, da insegurança e de outros sentimentos negativos, Sam se vê na obrigação de enfrentar os seus próprios demônios para impedir a ameaça crescente do Pishacha -- e isso inclui abraçar novamente as suas origens e aceitar quem ela realmente é.

Como diretor estreante, apesar de pecar em alguns quesitos, principalmente no que tange ao ritmo da obra, Bishal mostra um futuro promissor ao assimilar a história de sua família e a mitologia nativa em um tipo diferente de terror adolescente.

Tive muita sorte de fazer este filme - de poder fazer um thriller original. Acho que isso é um verdadeiro privilégio hoje e eu adoraria continuar fazendo isso. Eu adoraria continuar trazendo ideias originais para a tela.

Produzido por Raymond Mansfield e Sean McKittrick, a dupla por trás de Corra!, o longa conta com Megan Suri (Eu Nunca) e Betty Gabriel (Corra!) em seu elenco.

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