Robert Pattinson e Willem Dafoe em O Farol, de Robert Eggers

Créditos da imagem: O Farol/A24/Divulgação

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O Farol | 6 influências do novo terror do diretor de A Bruxa

H.P. Lovecraft, arte simbolista e mais!

15.01.2020, às 17H03.
Atualizada em 27.03.2020, ÀS 10H15

Robert Eggers, o diretor de A Bruxa, novamente bagunçou a cabeça dos espectadores com O Farol, terror estrelado por Willem Dafoe e Robert Pattinson. Em seu segundo longa, o cineasta coloca a prova todas as suas várias inspirações. Abaixo, com base em algumas entrevistas de Eggers, listamos algumas das influências do longa. Confira!

Edgar Allan Poe

A ideia por trás de O Farol não veio do diretor Robert Eggers, mas sim de seu irmão, Max Eggers, que trabalhava em uma adaptação de “The Lighthouse”, conto não-terminado de Edgar Allan Poe. “Eu estava iludido achando que podia concluir para ele”, contou Max em entrevista à Rolling Stone. Robert se interessou pela ideia e pediu para participar do projeto, que tinha como foco acompanhar um farol mal assombrado. Quando começou a pesquisa, se deparou com algo que ajudou a definir a narrativa do filme.

Tragédia real

Por mais que o filme vá para um lado bastante surreal, a base da da trama é inspirada em um famoso conto real de faroleiros: a tragédia da ilha de Smalls. Em 1777, no Reino Unido, dois marinheiros chamados Thomas ficaram ilhados no local por conta de fortes tempestades. Com grande diferença de idade entre eles, os dois não se entendiam. O mais velho então faleceu em um acidente. Preocupado de ser responsabilizado pelo ocorrido caso jogasse o cadáver no mar, o mais novo então esconde o corpo em um caixão improvisado na varanda do farol. O vento forte não só expõe o morto, como também o afeta de forma como se o seu braço estivesse acenando. Por conta do ocorrido, a partir de 1801, as equipes de faroleiros se expandiram de duplas para trios.

Inspirações artísticas

Robert Eggers é um amante da história da arte, e isso fica visível em seu trabalho. No caso de O Farol, o cineasta se inspirou no simbolismo, movimento precursor do modernismo - em especial, nas obras de artistas como Arnold Bocklin e Jean Delville. A referência que ficou mais evidente vêm de um artista alemão desse movimento: Sascha Schneider, cuja obra “Hipnose”, de 1904, é recriada durante um momento do filme.

Cinema francês

Para complementar a estética além das influências simbolistas, o diretor também olhou para outros filmes que tratam de histórias do tipo. Para a Rolling Stone, Robert Eggers cita como inspiração “o grande cinema faroleiro francês da década de 1930, feito pelos dois Jeans” - no caso Jean Grémillon (Mulher Cobiçada, Águas Tempestuosas), e Jean Epstein (A Queda da Casa de Usher, O Príncipe Encoberto).

Texto antiquado

Já para os diálogos, a dupla de irmãos teve bastante material para se basear. Os trabalhos que definem a linguagem antiquada de Farol vieram de nomes como o poeta Samuel Taylor Coleridge e de Herman Melville, autor de Moby Dick, a Baleia Branca (1851) - especialmente, a postura e histórias do Capitão Ahab moldaram muito o personagem de Willem Dafoe, ao ponto disso ser referenciado no longa. Mas a dupla cita que quem realmente ajudou a ilustrar a forma como falam os personagens foi Sarah Orne Jewett, cuja amplitude de sua obra e entrevistas de marinheiros deu voz única aos dois faroleiros.

O Farol é uma história de conflitos entre homens. Como tanto Robert e Max Eggers tiveram seu começo no teatro, a dupla se inspirou em peças de nomes como Sam Shepard, Samuel Beckett e Harold Pinter para definir as intrigas.

Terror cósmico

Muito do lado sobrenatural de O Farol não é necessariamente explicado - e existe um motivo para isso. O conto não só é um suspense psicológico, mas também flerta com o terror cósmico. O subgênero se popularizou na literatura através de contistas como Robert W. Chambers e, principalmente, H.P. Lovecraft. As histórias têm em comum narradores pouco confiáveis, bastante simbolismo, a constante iminência da insanidade e a possível existência de seres cuja magnitude interferem na mera existência humana. O filme faz alusão a muitos desses elementos - o próprio efeito enlouquecedor da luz, por exemplo -, mas nunca mergulha de cabeça nisso. A decisão é consciente, segundo Robert Eggers à Vox: “Por mais que eu tenha carinho por Lovecraft, nunca quis que o filme fosse algo como Willem Dafoe ser parte de um culto a Dagon, ou Pattinson encontrar um Codex com runas marinhas”.

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