É cedo demais para chamar Art, o Palhaço, de um dos assassinos mais icônicos do terror? Terror recente, talvez? De 2022, então? Não importa como você queira rotulá-lo, fato é que o protagonista de Terrifier já deixou sua marca no cinema - senão em 2016, agora, com o lançamento repleto de hype de Terrifier 2. Mas a figura central da franquia de Damien Leone já tem mais de 10 anos desde sua primeira aparição - e não foi sempre tão assustadora assim.
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Claro, existem elementos essenciais que fazem de Art, Art. Mas ao comparar o palhaço do primeiro curta de Leone, The 9th Circle, com o que chega aos cinemas brasileiros agora, fica claro que muito mudou desde então. Em vídeos disponibilizados no YouTube, é possível conferir que The 9th Circle já traz alguns dos movimentos e iniciativas tradicionais de Art, mas faltava algo ali.
Em entrevista ao Omelete, o diretor relembrou a criação de seu personagem, e disse que foi após o seu segundo curta com Art, o Palhaço que ele decidiu criar um projeto dedicado a ele. Depois de diversas sugestões de público, que insistiam por um longa de Art, Leone relembrou sua decepção ao perder o primeiro intérprete do assassino: “Quando eu fui começar a trabalhar no filme, o ator original, que é meu amigo, Michael Gianelli, que interpretava Art, não queria mais atuar. Então eu tive que achar outra pessoa. Isso foi duro, porque estava funcionando tão bem”.
A saída de Gianelli, no entanto, criou uma oportunidade, e Leone abriu um teste geral para encontrar seu novo palhaço. Foi neste instante em que Art, como o conhecemos, nasceu.
“David Howard Thornton entrou para o teste e ele só foi o sexto ator a aparecer. Imediatamente, assim que ele entrou, eu amei o físico dele, ele era mais alto, era magro, tinha um sorriso ótimo. Eu falei 'eu amei, só espero que ele saiba atuar'. Então eu só dei um direcionamento, falei para ele fingir que está decapitando alguém e se divertindo muito com isso”.
Segundo Leone, Thornton pareceu ter virado uma chave e começado um teste com improvisão, recheado de influências do Grinch, de Jim Carrey, e diferentes atores de comédia física: “E eu pensei 'nossa, então é isso que acontece quando você coloca um ator de teatro de verdade nesse personagem'''. Para Leone, “o Art que você conhece agora é um casamento entre eu e o David Howard Thornton”.
É por isso que assistir Art encarando uma moça ou apertando uma buzina em The 9th Circle é tão diferente de vê-lo fazendo as mesmas coisas em Terrifier e Terrifier 2. O ingrediente que faltava ali era David Howard Thornton.
E enquanto uma ou outra coisa sobre Art ainda pode deixar muita gente surpresa, Leone focou em apenas uma característica do personagem que nunca pode mudar - sua mudez: “Eu nunca deixaria ele falar. O silêncio é parte de seu charme, de sua mística, é uma das razões pelas quais ele é tão… perdoe-me o termo? Aterrorizante”, disse.
A ideia de um personagem mudo faz parte da criação de Art, imaginado como o oposto do icônico assassino de It, A Coisa: “É isso que diferencia ele completamente do Pennywise de Tim Curry, de lá de trás, que era e ainda é o arquétipo do palhaço assassino. E eu queria que ele fosse o mais diferente possível de Pennywise”.
Se ele é capaz de emitir sons, no entanto, Leone insiste em não responder: “Eu acho que é um de seus marcos, sua natureza silenciosa. E o fato do público ainda não saber, ‘ele pode falar? ele tem essa habilidade?’. Eu gosto do máximo de mística possível quando se trata de Art".
Terrifier 2 está em cartaz nos cinemas brasileiros.