Para o diretor e roteirista Rhys Frake-Waterfield, não foi nada difícil extrair os elementos aterrorizantes de um clássico infantil no seu Ursinho Pooh: Sangue e Mel. “No fim das contas, é a história de um grupo de animais antropomórficos, meio selvagens e meio humanos, escondidos no meio da floresta”, aponta ele ao Omelete. “Pensar em uma criança encontrando criaturas assim e convivendo com elas é muito assustador, se transportarmos isso para o mundo real.”
Acredite ou não, o cineasta britânico se declara um fã do personagem criado por A.A. Milne e imortalizado pela Disney. “Eu tenho boas memórias do Ursinho Pooh na minha infância, porque amava a versão em desenho animado... ao mesmo tempo, eu também sempre fui fã de filmes de terror”, conta. “Então, quando percebi que Pooh tinha entrado em domínio público, me pareceu a oportunidade perfeita de juntar as duas coisas.”
“Eu sempre quis encontrar um conceito bem maluco para ancorar um filme de terror. Poderia ficar no mais do mesmo, fazer um filme de lobisomem, ou um filme de casa mal-assombrada, mas a verdade é que já existem muitos e muitos desses por aí. É só abrir a Netflix que você vai achar um milhão”, comenta ainda. “Então, a demanda que eu estabeleci para mim mesmo sempre foi essa: seja o mais doido possível. Quanto mais fora da caixinha, melhor”
“Pooh é uma marca muito forte, e ainda por cima é uma marca associada com amor, amizade e fofura. Então pensei: vamos virar essa expectativa de cabeça para baixo, vamos fazer algo que represente o contrário de tudo isso”, completa Frake-Waterfield, resumindo assim a gênese de Sangue e Mel.
Muito além do bosque
Até por ter percebido essa facilidade em transformar um ícone infantil em um assassino sanguinário, Frake-Waterfield agora vê em cada franquia popular entre o público mais jovem uma oportunidade. “É claro que a maioria dos personagens não estão no domínio público, então fica difícil realizar cada ideia”, admite ele, que já anunciou spin-offs de Sangue e Mel inspirados em Bambi e Peter Pan.
Um dos sonhos impossíveis do cineasta é realizar sua própria versão sinistra de As Tartarugas Ninja: “Criaturas híbridas que vivem no esgoto, lideradas por um rato, que sabem usar armas. Se você pensar bem nessa premissa, é bem fácil imaginar como poderia dar errado. E se elas resolvessem fazer coisas ruins ao invés de boas?”.
“Outro título que pensei foram os Teletubbies, porque desde criança acho o visual deles muito bizarro. Criaturas alienígenas estranhas que vivem na sombra de uma colina - isso é uma história perfeita para um filme de terror!”, continua. “Uma vez que eles entrarem no domínio público, tenho certeza que farei algo com eles. Talvez eu tenha 70 ou 80 anos, mas estou fazendo um compromisso desde já.”
Nem As Meninas Superpoderosas escapam da mira do cineasta: “Essas meninas foram cobaias de experimentos genéticos feitos pelo seu próprio pai, e ainda por cima elas não têm mãos. Isso é muito grotesco.”
Ursinho Pooh: Sangue e Mel já está em cartaz nos cinemas brasileiros.