Muito antes de Geralt de Rívia dar seu primeiro suspiro, seu mundo era muito diferente do que ele conhecia. Elfos reinavam sozinhos sem a presença de humanos, monstros existiam apenas em contos infantis e, por isso, a mera ideia de um bruxo sequer havia sido pensada. A era pré-Conjunção das Esferas, momento em que os mundos humano, élfico e dos monstros se tornaram um só, foi rica e duradoura, mas os eventos que mudaram toda a história do mundo de The Witcher foram rápidos e instáveis como um relâmpago. São esses movimentos rápidos e disruptivos que vemos em The Witcher: A Origem, série comandada pelo showrunner Déclan de Barra.
Indo na contramão da série original, que tem cerca de 10 horas por temporada, A Origem aposta em uma história curta, de apenas quatro episódios que juntos não somam nem quatro horas de tela. O tempo curto faz jus aos rápidos eventos que antecedem a Conjunção das Esferas, mas claramente poderíamos ter um ou duas horas a mais. Em entrevista ao Omelete, de Barra explica essa escolha: “Trabalhei na primeira e na segunda temporada [de The Witcher] e quando estávamos escrevendo esta [minissérie], não havia regras definidas porque tínhamos que trabalhar com velocidade. Sabíamos que seria uma série fechada. Era uma coisa limitada, então poderia ter o comprimento que quiséssemos”, disse.
Ele continua: “Você acha que serão seis [episódios] antes de ir para dois, mas tratamos isso como se estivéssemos fazendo dois filmes. E o que não queríamos fazer era algo muito parecido ou arrastado. Queríamos fazer um condensado poderoso, como assistir a dois filmes, um após o outro. Foi o que fizemos e funcionou muito bem”.
A minissérie foi aprovada devido ao sucesso de The Witcher no catálogo da Netflix, que há tempos vem buscando uma franquia para chamar de sua. Com Henry Cavill estrelando as três primeiras temporadas, a produção manteve um público cativo, em parte pela presença do astro britânico. Agora, no quarto ano, o Lobo Branco ganhará um novo rosto com Liam Hemsworth assumindo o papel principal. Déclan de Barra não comentou a mudança, mas falou como sua minissérie deve impactar o futuro da produção original: “O mundo de The Witcher é, você sabe, muito bem definido nos livros e queríamos criar coisas neste mundo da A Origem que valeriam a pena na terceira e na quarta temporada”, explicou. “Muitos desses personagens da minissérie são super importantes nos livros. Começamos a ver o início do que eles se tornam nos livros, mas temos muito poucas coisas escritas por Andrzej Sapkowski sobre o que aconteceu neste mundo antes [da Conjunção das Esferas]”.
Apesar da falta de material original para adaptar na minissérie, de Barra reconhece que o pouco conteúdo permitiu que o lado criativo da equipe aflorasse. “A Conjunção foi um par de linhas nos livros, então poderíamos fazer qualquer coisa que quiséssemos. E isso foi divertido e desafiador porque você quer fazer um bom trabalho e meio que honrar os livros e o que há neles, no futuro, mas também quer contar novas histórias e surpreender as pessoas”.
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Mas nem tudo são flores nos bastidores de uma produção, especialmente quando se grava durante a maior pandemia do século. Em julho deste ano, as gravações de The Witcher foram paralisadas devido a um caso de covid-19, e a doença também foi um obstáculo no set de A Origem. “Gravar isso durante a peste foi a parte mais difícil”, brincou de Barra, fazendo alusão a um meme de The Witcher que ficou popular no início da pandemia. “Normalmente estamos todos juntos em uma sala trocando ideias e escrevendo em quadros e é muito diferente fazer isso no Zoom, então foi um desafio. A produção foi constantemente perseguida pela covid-19, principalmente nos primeiros dias e conseguimos passar por um triz, mas foi difícil. Foi muito, muito difícil. Nós conseguimos e estou muito orgulhoso disso”.
Se você for um grande fã da franquia The Witcher e estiver ansioso para saber o que te aguarda em A Origem, Déclan de Barra te conta: “O que fizemos foi contar a história dos elfos de uma maneira completamente diferente da qual conhecemos no mundo de The Witcher, onde eles são pessoas quebradas, colonizadas e mal conseguem se reproduzir. Neste mundo [A Origem], estamos mostrando-os [elfos] no auge”, explica. “Acho que será divertido para os fãs conhecer bruxos e elfos no início de suas jornadas e ver como eles são diferentes dos livros. Eles são diferentes, mas você pode ver o núcleo, aquela semente que os transformou naquilo que amamos.Vamos entender suas motivações e como chegaram. Como eles se desenvolvem nas temporadas posteriores. Então eu acho que essa é a parte divertida”.
Apesar do pouco tempo de tela, The Witcher: A Origem entrega uma trama divertida e cativante que revela o mundo contados nas lendas ouvidas por Geralt de Rívia. A minissérie também responde perguntas importantes da franquia como a Conjunção das Esferas, a criação do primeiro bruxo e o surgimento da Caçada Selvagem. O elenco conta com Michelle Yeoh, Sophia Brown, Laurence O’Fuarain, Huw Novelli, Zach Wyatt, Lizzie Annis e Francesca Mills. A produção é dividida em quatro episódios que chegarão à Netflix em 25 de dezembro de 2022.
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