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Trapaça | Omelete Entrevista Christian Bale

Ator fala sobre sua relação com o diretor David O. Russell

04.02.2014, às 15H56.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H22

Em entrevista com Steve Weintraub, nosso correspondente em Hollywood, Christian Bale, protagonista do filme Trapaça (American Hustle), fala sobre seu novo projeto, o diretor David O. Russell, a ideia de engordar para o papel e sua preferência no número de tomadas.

 

Como está hoje, senhor?

Christian Bale: Eu estou muito bem, obrigado.

Como você acabou de dizer, faz menos de duas semanas que nos falamos pela última vez.

CB: Eu sei, faz tempo demais.

Então como foram essas últimas duas semanas para você?

CB: As últimas semanas têm sido... dividir o Mar Vermelho lá nas Ilhas Canárias, é isso que tenho feito, então estive um pouquinho ocupado. Me desculpe por não manter contato.

Isso é incrível, na verdade... Então mergulhando de uma vez, como de costume você entregou o prometido nisso, você tem sido...

CB: Ah, muito obrigado.

Vou te dizer um segredo, você é um ator talentoso.

CB: Sou grato por isso. É sempre bom ouvir que alguém acredita nisso.

Eu acho que muita gente acredita nisso. Eu definitivamente quero falar sobre quando David O. Russell pega o telefone e te liga, porque eu imagino que seja assim.

CB: Certo.

É um "sim" imediato antes que ele termine de falar?

CB: É... Quer saber? É uma combinação engraçada, eu gosto da minha relação com o David, nós temos nossos altos e baixos e sempre foi assim desde o momento em que eu o conheci, quando eu fiz o teste para "Três Reis" e ele se recusou a falar comigo, ainda, e eu sentei, olhei pra ele e disse "você vai sentar aí e fazer o tipo forte e silencioso, vai?" e daquele momento em diante ele tinha sido conquistado por mim, e... Mas, eu gosto dele imensamente, ele tem um bom coração, sabe, eu conheço bem ele e a família dele, ele vem à minha casa. Ele me mandou o roteiro  original histórico dramático do Eric Singer, e me disse "eu gosto disso", e eu disse "eu também gosto", e então ele começou a mudar tudo daquilo, sabe, reescreveu desde a página 1 e eu sabia que ele ia fazer aquilo, mas acabamos sentando juntos para ler aquele script novo de 160 páginas quando eu olhei pra ele e disse "o que é isso, o que você fez?", tipo, "sério"? E isso foi depois dele ter me dito que eu é que dei um monte de ideias para o que ele mudar, ele disse "mas você que me falou pra fazer..." e eu disse "não era isso que eu quis dizer", mas maravilhosamente tudo acaba se juntando, acaba funcionando, e eu confio muito nele, e espero que ele confie em mim, eu gosto das ideias dele, ele parece se impressionar, ele parece se divertir e às vezes pega algumas ideias minhas e quer saber, nós passamos por muito caos é assim que ele gosta, e é assim que eu aprecio fazer filmes também, sabe, eu odeio quando tem muita ordem, e... sabe, por enquanto, conseguimos entregar o prometido no fim do dia, então tem sido uma relação muito boa e bem-sucedida.

Foi sua a ideia de engordar ou do David?

CB: Bom, na verdade a ideia foi do Mel Weinberg, digo, ele é quem fez sabe, Mel tinha o peso, o David nunca me perguntou se eu ia ganhar o peso, ele nunca tinha pensado naquilo, mas depois que eu vi o Mel eu meio que me apaixonei pelo cara, eu pensei, "ó meu Deus, esse cara é perfeito" ele não é nada como eu tinha imaginado depois de ler o script, ele tem essa corpulência e o penteado que esconde a careca e era isso aí, isso que eu precisava fazer, então eu ia ganhar peso, e eles ficavam "o que você está fazendo?" e eu dizia "não, não, não, vai funcionar, vai funcionar, só espere, eu tenho mais pra fazer" e da mesma forma o penteado sempre foi importante, nós dois concordávamos com isso, amávamos isso, nós amávamos que um charlatão consagrado não convencia ninguém com o fato dele ter cabelo, sabe.

Eu quero saber como você trabalha no set e quantas tomadas gosta de fazer, porque suas performances são, vou dizer novamente, são sempre tão boas, estou curioso pra saber se você só faz alguns takes, ou se você gosta do método David Fincher de umas 50 tomadas.

CB: 50 parecem ser tomadas demais, não parecem? Mas... Digo, eu sinto que 50 deve ser o ponto que deixa os atores absolutamente insanos, então eles não sabem mais o que estão fazendo, talvez esse seja o motivo, não sei, é um palpite, ah, mas, eu sinto que são quantas tomadas você precisar, sabe? Olha, se você consegue fazer em um take você faz em um take, é isso, pronto. Se precisar de 12, ok, precisa de 12, talvez tenha algum problema, talvez tenha que resolver, as vezes são coisas técnicas que precisam ser arrumadas, e outras vezes é puramente, sabe, "não estou tendo um bom dia", você precisa reunir forças, e outros dias é só, bang, só acontece, são dias ótimos, mas eu certamente gosto de um momento, sabe, o problema com o lance das 50 tomadas é que, cara, você entra em uma rotina mas depois, sem dúvidas, você sai da rotina porque começa a enlouquecer, é como contar uma piada, você me conta uma piada 50 vezes, você nem entenderia a piada depois de tantas vezes, entenderia? Você não saberia mais o que é engraçado nela, talvez esse seja o ponto, mas, nós filmamos bem rapidamente, e eu gosto disso, do momento, sabe, é como, é melhor você aumentar a energia, é melhor você conhecer seu personagem é melhor você aprender a improvisar no personagem e eu aproveito isso, eu gosto daquela pressão, significa que você está agitando tudo e não está se ocupando em pensar demais sobre tudo, é mais sobre sentir algo do que pensar em algo.

Muito obrigado pelo seu tempo.

CB: Ah, obrigado.

Estou muito agradecido.

 

 

 

 

Trapaça estreia 7 de fevereiro nos cinemas.

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