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Os Candidatos | Omelete Entrevista Jay Roach

Diretor fala sobre comédia junto à política

19.10.2012, às 11H38.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H17

Ainda em Nova York, Marcelo Hessel entrevistou Jay Roach, diretor de Os Candidatos (The Campaign). No bate-papo, ele falou sobre a "política" em Entrando Numa Fria Maior Ainda, sobre os papeis de Dan Aykroyd e John Lithgow no filme, e sobre a repercussão de filmes politizados em Hollywood.

Oi, senhor Roach.

Jay Roach: Oi, bom te ver.

Quando você fez Game Change - Virada de Jogo, foi mais como um conto moralizante.

JR: Sim.

Você acha que o nível de debate político, simplesmente piorou com a eleição do Obama nos Estados Unidos?

JR: Eu acho que não está melhorando. Tem mais dinheiro levando os candidatos a estratégias mais extremas para acabar com o outro candidato. Uma das coisas interessantes sobre a arte de mensagens políticas é: ache algo que é muito positivo de seu oponente, como um herói de guerra, e, depois, transforme isso em: "Ele não é um herói de guerra, ele é um traidor". Transforme algo... Obama era um organizador de comunidades  e quer melhorar a saúde, então, ele é um comunista. Ou Mitt Romney é um homem de negócios que acumulou muito dinheiro, então, ele é um capitalista nojento. O esforço e a habilidade que usam para mudar uma mensagem de fatos, é simplesmente inacreditável. Então, eu sempre estou envolvido nisso. Então, eu gosto de fazer piada disso também, porque é ridículo. Não é bom para o governo.

Quem você acha que se ofende mais: conservadores ou liberais?

JR: Eu não sei. Eu acho que nós somos tão ingênuos e acreditamos em qualquer mensagem, mas também somos muito moralistas, e simplesmente, muito intolerantes. E só aumenta, porque as pessoas são tão polarizadas. E, eu acho, na verdade, que a comédia pode ajudar. E eu espero que em qualquer país, você possa rir do orgulho, egoísmo e ambição extremos. E eu acho que se você é tão guiado pela sua ideologia, você pode se ofender muito facilmente. Mas se você aprender a rir de si mesmo, e da coisas ridículas ao seu redor, talvez seja terapêutico.

É engraçado porque eu amo Entrando Numa Fria Maior Ainda, o segundo filme. E eu acho que ele é muito político e que você conseguiu fazer algo que Obama não conseguiu: você conseguiu juntar a esquerda e a direito na mesma família.

JR: Sim. Isso é verdade. É muito engraçado que você veja assim, porque eu sempre vi como uma mensagem escondida. Não só sobre a ideologia política, mas todas. Preferências religiosas tambémm, por exemplo. Mas também amor versus medo. Robert De Niro é muito paranoico. E os personagens de Dustin Hoffman e Ben Stiller são muito guiados pelo amor. E tem bastante dos dois, então, isso faz uma boa comédia.

Você tem Dan Aykroyd neste filme.

JR: Sim.

E eu não consegui parar de pensar sobre Trocando as Bolas.

JR: Trocando as Bolas, claro.

Isto é intencional?

JR: Nós estávamos atentos a isso. Este é um dos nossos filmes preferidos. Definitivamente tem um elemento de guerra de classes construído na história. Mas não tem nada além disso. Ele simplesmente é um dos atores mais engraçados dos últimos tempos. Então, eu queria colocá-lo no filme para interpretar o que poderia ser um cara mau. E o mesmo com John Lithgow. Os dois são ótimos interpretando caras maus e interpretá-los com camadas e fazê-los engraçados, espero.

Você acha que Hollywood precisa desse tipo de filme politizado, de tempos em tempos?

JR: Eu acho. Eu sempre fico impressionado quando qualquer pessoa em Hollywood quer fazer um filme sobre política, porque não acontece muito. Há uma tradição que estes filmes não vendem muito bem. Mas eu acho que as pessoas são fascinadas por política. E eu acho que um dos argumentos é que não é algo internacional. Não se propaga internacionalmente. Mas todo país tem políticos que passam dos limites, se envolvem em escândalos ridículos, que são para o próprio bem, que não trazem nenhum benefício aos seus cidadãos. E eu acho, eu não sei. Eu fico feliz de pensar que pode se tornar mais comum, um movimento em relação a filmes políticos, que acabam sendo divertidos. Shakespeare sempre tinha a história local. Os indivíduos uns contra os outros, contra uma guerra que está para começar, fora do palco. E eu acho que essa é uma boa estratégia para um filme sério e para uma comédia também. Há pressões nos personagens que aumentam o conflito.

Tudo bem. Muito obrigado.

JR: Obrigado.

O filme estreia 19 de outubro nos cinemas.

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