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RoboCop | Omelete Entrevista José Padilha

DIretor fala sobre sua interpretação do remake

24.07.2013, às 17H13.

Em uma entrevista exclusiva durante a Comic-Con 2013, Steve Weintraub conversou com José Padilha, diretor do remake de RoboCop. O diretor falou sobre a diferença entre filmar nos Estados Unidos e no Brasil, como incorporou a tecnologia atual no filme e a contratação de Michael Keaton. Padilha também fala sobre as citações do primeiro filme e do RoboCop político.

 

Eu realmente estou ansioso para o seu filme.

José Padilha: Legal.

Você conseguiu juntar um ótimo elenco como Michael Keaton.

JP: Um gênio.

Gênio. Eu... Honestamente, eu estou muito feliz por ele estar no filme, porque eu sou muito fã dele. Muito!

JP: Eu também.

Eu raramente faço essa pergunta, mas quão difícil foi consegui-lo no seu filme?  Porque ele é difícil.

JP: Ele gostou do roteiro, foi isso. Ele gostou do roteiro. E ele gostou... Ele assistiu a alguns dos meus filmes e achou que eu... Eu o enganei em achar que eu sabia o que eu estava fazendo. Então, nós nos encontramos e aqui estamos. Agora é tarde demais para ele sair do filme.

Isso é engraçado.

JP: Eu já tenho o material filmado.

Isso é engraçado.

JP: Game over.

Você já fez ótimos filmes, mas no Brasil você tem muita liberdade criativa.

JP: Sim.

Para fazer o que você quer. Aqui nos Estados Unidos, você trabalha para o estúdio. Você foi contratado para fazer "RoboCop" para o estúdio. Quanta liberdade...? Como é trabalhar para o sistema de estúdios comparado com o Brasil, onde, provavelmente, você tem muito mais...?

JP: Bom, no Brasil eu escrevo, eu produzo, eu dirijo e, ultimamente, eu distribuo os meus filmes, então é liberdade total. Mas eu também tenho que me virar, arranjar o dinheiro e outras coisas. Aqui, eu não tenho que me virar e arranjar o dinheiro. Assim que o projeto é liberado... há um orçamento e aí vamos fazer o filme. Então, nesse sentido é mais fácil. Eu não sei sobre outras experiências com estúdios. Outros filmes. Esse é o primeiro filme que eu faço no sistema de estúdios. Mas eu posso dizer isso: minha experiência no set foi exatamente igual. Eu improvisei, eu mudei diálogos. Cenas com diálogo, eu filmei sem diálogo. Eu interagi com os meus atores com liberdade, eles podiam mudar os seus diálogos se quisessem. Eu fiz cenas em que eu pensei: "Estamos faltando essa cena. Vamos filmar agora, vamos!" Foi como filmar no Brasil. Eu fico falando para os executivos do estúdio: "Este é o primeiro filme brasileiro de vocês." Foi mais ou menos como foi.

Com a mudança constante da tecnologia... A tecnologia muda muito rapidamente.

JP: Verdade.

Você incorporou a tecnologia em mudança para o filme? Não fazendo-a obsoleta, fazendo-a real, me entende?

JP: Sim. Eu sei que é impossível fazer um filme futurístico real. Se você voltar para os anos 80 e 70 e ver todos os filmes futurísticos, eles fizeram... nenhum deles tinha a internet. Nenhum deles. Nós não sabemos como será o futuro.  Nós temos que encarar isso. Eu nunca vi, na humanidade, as pessoas fazerem boas previsões dos próximos 10 anos. E a taxa da mudança que estamos experienciando agora, é simplesmente impressionante. Não há ninguém que consiga pensar em uma teoria que dirá onde a sociedade estará. É só... E também é caótico. Coisas acontecem. Talvez um meteoro atinja o planeta e não estejamos aqui em 10 anos.

Claro.

JP: Nós podemos voltar para a era da pedra. Nós não sabemos o futuro. É um fato da vida. Então, eu não tentei prever o futuro no meu filme. Eu tentei pensar em uma interpretação consistente do filme. Uma interpretação do futuro. Uma interpretação do futuro que some à história que quero contar. É só isso. É só o que você consegue fazer no meu trabalho. Certo? Então, sim, o RoboCop é conectado à internet. RoboCop pode acessar qualquer câmera de vigilância da cidade. Ele é o Big Brother. Ele pode ver você. Ele pode ver você cometendo um crime em qualquer lugar. Certo? Eu estou acreditando completamente. Isso é meio óbvio, eu acho que vai acontecer. Os robôs terão isso. Certo? Então, algumas coisas nós abraçamos. As pessoas inversamente... Os cientistas que controlam o RoboCop veem o que ele vê. Porque você pode confiar...

Claro.

JP: …esta informação a um distrito policial e eles podem monitorar o RoboCop ao vivo. Certo? Esse tipo de coisa nós colocamos no filme, porque pensamos: "Isso vai acontecer e também tem a ver com o assunto do filme a a história que estamos contando."

Qual a duração do seu primeiro corte?

JP: Agora, eu ainda estou cortando o filme. Nós ainda não o mostramos para um público. Eu tenho um filme de duas horas agora.

E este é um corte bom do filme?

JP: Sim, está bom pra caralho.

Eu vou trocar, porque meus parceiros no Brasil me mandaram algumas perguntas e eu vou perguntá-las bem rapidamente. "Tropa de Elite" foi muito popular viralmente no Brasil, em relação ao linguajar e citações do filme. Você acha que "Robocop" terá algo assim, com algumas falas e citações.

JP: Sim.

Se tornando populares.

JP: Eu acho que sim. "Eu compro isso por um dólar."

Exatamente.

JP: Sim.

Com essa... Tenho certeza que já perguntaram isso: essa é uma fala que você...?

JP: Está no filme.

Eu ia perguntar... Você meio que falou: "Eu tenho que fazer isso?"

JP: Não, nós as introduzimos no roteiro. Naturalmente. "A cena, onde nós... Espere um pouco, essa cena é perfeita para essa fala. É isso que o personagem tem que falar." E as outras que... Porque há ótimas falas no primeiro "RoboCop". As que não se encaixaram no filme não estão lá. Me entende?

Completamente. Você acha... Está é, na verdade, uma pergunta séria. Você acha que o Brasil se beneficiaria com um pelotão de RoboCops, com todos os protestos que estão acontecendo agora? Ou um RoboCop político seria melhor, ou um professor RoboCop, alguma coisa?

JP: Eu escolheria um RoboCop político, porque ele provavelmente seria incorruptível.

Espere, você está tentando dizer que há corrupção na política? Eu não acredito.

JP: No Brasil, infelizmente... eu acho que há um pouco de política na corrupção.

Sim, em todos os lugares.

JP: É meio que ao contrário.

Com certeza. A armadura nova do RoboCop é o... Eu não consigo falar essa palavra. Caveirão do futuro?

JP: O caveirão. Caveirão é um veículo usado pela polícia brasileira. É um veículo a prova de balas que eles usam para invadir a favela. A favela. Para poderem entrar e não morrer com os tiroteios do traficantes. Não tem nada a ver com o caveirão. RoboCop não tem nada a ver.

Não, RoboCop é o futuro disso?

JP: Não, não é. É uma coisa completamente diferente.

Deixe eu fazer uma pergunta diferente. Quando você acha que os fãs vão conseguir ver o trailer, imagens? Isso está para chegar?

JP: "Elysium".

"Elysium", sim.

JP: Um ótimo filme do ótimo diretor Neill Blomkamp, que é um amigo, e com ótimos atores, incluindo Wagner Moura, o principal de "Tropa de Elite". Ele está em "Elysium".

Eu estou muito ansioso para esse filme.

JP: Não perca "Elysium".

 

 

 

 

 

 

RoboCop estreia em 2014.

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