The Ones Who Live busca no amor a salvação para os traumas de The Walking Dead

Créditos da imagem: AMC/divulgação

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The Ones Who Live busca no amor a salvação para os traumas de The Walking Dead

Série se debruça no aguardado reencontro entre Rick Grimes e Michonne, mas patina em ter que correr com a trama

Omelete
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07.03.2024, às 09H29.
Atualizada em 07.03.2024, ÀS 09H42

“Nós somos aqueles que vivem”. Essas foram as últimas palavras ditas ao fim de 11 temporadas de The Walking Dead, utilizada em uma montagem com todos aqueles que passaram pelo caminho da série. E precisamos ser honestos -- mesmo que tenha perdido o brilho ao ser prolongada por tanto tempo, a adaptação da obra de Robert Kirkman colocou o subgênero dos zumbis de volta ao mainstream.

Hoje, The Walking Dead vive exatamente das tais conexões, como um selo que liga outras seis produções, criando um emaranhado de histórias dentro desse mundo pós-apocalíptico, seja com novos ou com alguns dos já clássicos personagens.

The Ones Who Live, série que carrega no nome a tal última frase, chega com a missão de cumprir o que a série original deixou em aberto: a busca de Michonne (Danai Gurira) por Rick (Andrew Lincoln) e a tentativa do grande protagonista da história de voltar para a casa.

Os dois primeiros episódios, já disponíveis no AMC+, mas ainda sem previsão de estreia no Brasil, se encarregam de tentar preencher os vácuos que a última cena The Walking Dead deixou. E se cada episódio é focado em uma das metades do casal -- o primeiro em Rick e o segundo em Michonne --, a balança não fica perfeitamente equilibrada do ponto de vista narrativo.

A história de Rick tem que cobrir um período muito longo e com muitos acontecimentos. São seis anos desde que ele explodiu a ponte para salvar os companheiros e foi dado como morto. Desde então, o personagem foi capturado pela CRM e tentou escapar diversas vezes, em algumas tentativas que vimos e outras que ficamos sabendo por conversas ou flashbacks, e se envolve em uma trama maior de controle da população que vive “segura” na Filadélfia... são tantos recortes de momentos, que a série precisa recorrer ao narrador-personagem para segurar o fio da meada. É um episódio em que praticamente não há um momento de silêncio. Tudo precisa ser falado e explicado. Mesmo quando um personagem (Terry O’Quinn) pede para Rick ler a resposta nos seus olhos, os dois precisam rapidamente verbalizar aquilo que veem.

Com Michonne, o tratamento é diferente, até porque sabemos em que ponto deixamos a personagem ao fim de The Walking Dead. Ela está numa busca e já encontrou pistas antes mesmo de The Ones Who Live começar. A introdução de coadjuvantes carismáticos e com arcos e arquétipos bem definidos é bem-vinda. A estrutura do episódio como um road movie também ajuda a nos conectar com o que havia de melhor na série original. Matthew Jeffers, o Nat, é o maior exemplo do que faz de “Gone” o episódio perfeito para essa história realmente começar.

O grande acerto de The Ones Who Live é tratar a história como um romance, quase como um amor proibido de dois amantes separados por algo maior. Se esse tratamento já não é clássico o bastante (separados pela guerra, separados por uma tragédia, por um sacrifício... para citar apenas alguns), a aproximação de Rick com a CRM e as feridas causadas pela força paramilitar em Michonne são mais um agravante para esse reencontro tão esperado. 

The Walking Dead sempre foi sobre laços e conexões. Os grandes momentos dos primeiros anos tratavam diretamente de clássicas histórias de relacionamento. Os dois amigos, os amantes, os irmãos, o pai e o filho, mentor e aprendiz... o terror sempre foi mais interessante quando esses laços eram colocados em perigo, seja pela ameaça zumbi, seja pela humana. O reencontro de Rick e Michonne tem tudo para ser mais um desses momentos. 

O final do segundo episódio já nos mostra que o Rick que conhecemos sofreu demais e talvez não esteja mais disposto a perder mais do que ele já perdeu ao longo desses anos. O que interessa de fato nessa história é saber se o laço entre os dois vai resistir aos seis anos que passaram separados. Esse é o verdadeiro ponto forte desse início de temporada de The Ones Who Live. Toda a trama política e militar pode apenas tornar essa conexão mais fraca. Resta saber qual delas será aquela que vai sobreviver.

*Alexandre Almeida colabora com o Omelete diretamente de Vancouver, no Canadá, onde a série é transmitida semanalmente

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