ATENÇÃO: Spoilers de The Walking Dead a seguir!
Dado o sucesso e longevidade de The Walking Dead é até compreensível a decisão de dividir a última temporada da série em três partes, ainda mais considerando que é a temporada mais longa até hoje - com 24 episódios. Porém passar por dois hiatos no meio de uma história em andamento não ajuda muito a manter o hype do que virá a acontecer nos momentos finais.
Esse foi o grande desafio para o início da terceira parte da temporada final, que teve seu primeiro episódio lançado no último domingo (2).
A falta de um recap no começo com certeza fez muitas pessoas buscarem informações sobre a parte dois da temporada para conseguir acompanhar melhor o novo episódio que já começa com cenas de perseguição e luta após somente uma pequena introdução genérica sobre a luta do bem contra o mal desde o começo da série em 2010, narrada pela personagem Judith (Cailey Fleming). Essa montagem de cenas, inclusive, se mistura com o próprio começo do episódio, que mostra Daryl (Norman Reedus) matando um walker e gera uma certa confusão sobre essa cena ser atual ou parte da montagem, até conseguirmos entender que são os “dias de hoje”.
Apesar disso, o retorno final da série se mostrou dinâmico e cheio de cenas de suspense, trazendo o espectador de volta para a história sem se incomodar com detalhes que não foram relembrados imediatamente. O trabalho em equipe dos nossos heróis contra Lance Hornsby (Josh Hamilton) e os soldados da Commonwealth fora da cidade no primeiro ato do episódio é divertido e até um pouco cruel, com Negan (Jeffrey Dean Morgan) utilizando a técnica dos Sussurradores para matar um dos soldados por trás e uma cena focando em um deles sendo devorado por walkers logo antes dos créditos iniciais começarem, com o contraste bem vívido da cor do sangue no cenário geralmente com tons apagados.
E por falar nisso, tivemos uma mudança nos créditos de abertura para essa parte final da última temporada: o título da série agora aparece com sangue escorrendo de algumas letras ao invés de vegetação crescendo como acontecia antes. Seria esse um sinal de que até o encerramento da série muito mais sangue será derramado, desestabilizando a sensação de que as coisas estavam finalmente prosperando no mundo?
Ao voltar para a Commonwealth, vemos que a população está clamando por justiça depois que os crimes de Sebastian (Teo Rapp-Olsson), filho da governadora Pamela (Laila Robins), foram expostos para a comunidade. Neste enredo temos, mais uma vez, a comparação entre o inimigo externo, que são os zumbis, e o inimigo interno - o próprio homem - que é algo que a série explora em todas as suas temporadas e serve para nos relembrar o quão corrupto e maligno o ser humano poder ser mesmo perante ao fim da humanidade como conhecemos.
O título do episódio ("Lockdown") se refere à tática de dispersão da população ordenada pela governadora para que as pessoas voltem para suas casas e parem de protestar contra seu filho - quem ela acredita ser inocente e não sabe onde está. De fato existe um grupo grande de walkers indo em direção a Commonwealth, como podemos ver nas cenas de Rosita (Christian Serratos) e Mercer (Michael James Shaw), que são chamados para ajudar outros soldados que estão encurralados por eles, então o lockdown não é apenas um capricho da governadora. Nessas cenas, inclusive, temos outro soldado sendo devorado por zumbis, com muito sangue e entranhas em foco no tela - o que não acrescenta nada à história, porém acaba sendo mais um indicativo de que muito sangue ainda vai ser derramado até a conclusão da trama.
Enquanto isso, Negan se infiltra na comunidade, já que nunca esteve por lá antes, na tentativa de ajudar seus amigos a escaparem do que agora sabemos ser um local controlado por pessoas embriagadas pelo poder. Mercer o ajuda a entrar na cidade, ele logo encontra Carol (Melissa McBride) e os dois saem na missão de achar o filho da governadora e usá-lo como moeda de troca. A cena na qual Sebastian é descoberto em seu esconderijo resulta em falas debochadas de Negan e foi um dos pontos altos do episódio. Aqui, o “ex-vilão” mostra o estilo que o fez se tornar um personagem tão carismático e divertido de assistir nesses últimos anos, muitas vezes carregando o enredo nas costas.
O encerramento mostra o grupo que está fora da cidade criando uma emboscada para Hornsby e seus soldados no esgoto e, apesar de estarem em grande desvantagem numérica, Daryl consegue pegá-lo por trás e ameaçar cortar seu pescoço se ele não ordenar que os soldados soltem suas armas, o que resulta nos créditos finais e um gostinho de "quero mais" para a semana que vem.
Ainda que o episódio tenha trazido muita ação e pouca explicação, foi um retorno sólido da temporada, abrindo espaço para o que esperamos que seja uma boa conclusão para uma saga tão amada. Muitas coisas seguem em aberto e, sinceramente, o enredo da Commonwealth poderia ser mais interessante para que os personagens mais novos na série sejam melhor aproveitados, mas seguiremos de olho, positivamente no aguardo do que ainda está por vir nos últimos sete episódios finais de The Walking Dead.