Depois de uma ótima décima temporada, The Walking Dead tropeçou com os episódios extras exibidos no início do ano, que pouco acrescentaram à história -- uma provável consequência da produção reduzida em meio à pandemia de covid-19. Mas o início da 11ª e última temporada da série, felizmente, deixa isso para trás.
O Omelete assistiu aos dois primeiros episódios do novo ano, a convite do Star+ -- e eles são um começo promissor para uma temporada que será longa, com 24 episódios ao todo.
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Estes dois primeiros episódios são, apropriadamente, intitulados “Aqueronte - Parte 1” e “Aqueronte - Parte 2”. Aqueronte, na mitologia grega, é um dos rios do submundo; o rio onde fica Caronte, o barqueiro que leva as almas que terão seus destinos julgados. É, por isso, conhecido como o rio da tristeza ou do infortúnio. Em Walking Dead não há um rio, mas um conjunto de túneis subterrâneos, que levam um grupo de sobreviventes a uma missão potencialmente suicida em busca de comida.
Os túneis, sobras de uma antiga rede de metrô de Washington, se provam um bom cenário para a trama. A atmosfera claustrofóbica amplifica as tensões do grupo liderado por Maggie (Lauren Cohan) -- mais sobre isso em breve -- e permite que o diretor Kevin Dowling (The Americans) crie sequências de ação visualmente interessantes e criativas, mais inspiradas do que o normal para a série. Uma em particular, envolvendo Daryl (Norman Reedus), se destaca, mas não vamos estragar a surpresa aqui.
Em paralelo às ameaças que o grupo encontra pelo caminho, ganha espaço o conflito crescente entre Maggie e Negan (Jeffrey Dean Morgan), algo em que os episódios extras ainda não haviam conseguido se aprofundar. Negan é levado na missão para servir como guia, mas isso não significa que Maggie esteja feliz com sua presença, o que leva ambos os personagens a confrontar seu passado. No processo, o roteiro deixa claro que os dois são mais parecidos do que acham -- o que deve ter desdobramentos interessantes ao longo da temporada.
Os dois primeiros episódios também reservam momentos para acompanhar Ezekiel (Khary Payton), Eugene (Josh McDermitt), Yumiko (Eleanor Matsuura) e Princesa (Paola Lazaro), que foram detidos no Commonwealth e são questionados por investigadores. As sequências trazem alguns detalhes interessantes do novo território da série, e também servem de base para ótimas atuações do quarteto; em especial, de McDermitt.
É necessário reconhecer que o resultado final teria mais força se os dois episódios fossem exibidos seguidamente, e não em semanas separadas. Mas, amarrando bem suas duas tramas, a showrunner Angela Kang dá à leva final de The Walking Dead um bom início, que instiga a vontade de ver mais e deixa ganchos atraentes para os capítulos seguintes -- um presságio nem um pouco infeliz.