Há algumas semanas, The Walking Dead surpreendeu ao eliminar sua vilã. Após segurar os desdobramentos para, paralelamente, dar um final digno à Michonne, a 10ª temporada agora retoma à trama principal olhando para o futuro.
[Cuidado! Spoilers do S10E14 de The Walking Dead abaixo]
“Look at the Flowers” é um episódio bastante recheado, com praticamente todos os seus núcleos caminhando para alguma direção. Mas o arco que ganha mais destaque é o de Carol (Melissa McBride), revelada como a mente por trás do assassinato de Alpha (Samantha Morton). Os minutos iniciais demonstram o início desse planejamento, com a sobrevivente abordando Negan (Jeffrey Dean Morgan), ainda em sua cela em Hilltop, para fazer o trabalho sujo em troca de redenção pública. Quando enfim recebe a cabeça zumbificada da líder dos Sussurradores, Carol deixa o ex-Salvador na mão e adia sua recompensa para partir em uma jornada solitária.
Tanto o título, que remete a um dos momentos mais sombrios da personagem, quanto a estrutura do capítulo sugerem uma despedida. Assim como Rick (Andrew Lincoln) e Michonne, Carol é carregada de vitórias, derrotas e traumas horrendos, e sua aventura pelas florestas poderia muito bem trazer tudo isso a tona. Algo que reforça essa impressão é justamente o retorno de Alpha como parte da consciência atormentada da sobrevivente. A jornada não leva muito longe, apenas faz com que Carol entenda que precisa da ajuda do grupo e também pode contribuir, mas é uma boa desculpa para dar protagonismo à personagem e ter Samantha Morton atuando por mais um episódio.
E quanto a Negan? O ex-Salvador é largado sem evidências de suas vitórias e, para sua infelicidade, é encontrado por Daryl (Norman Reedus), que não acredita em nenhuma palavra sobre seus feitos. A subtrama dos dois é mais curta, e também não caminha muito longe, mas traz um pouco de humor ao episódio. Negan e Daryl são uma dupla que funciona muito bem, tanto pela combinação do humor sarcástico de um com a sobriedade do outro, quanto pelo fato dos dois atores serem bons amigos na vida real, mostrando essa química nas telas.
O Que Passou...
Paralelamente, o arco de Beta (Ryan Hurst) planta sementes para o futuro imediato e também responde questões pendentes. O brutamontes, cuja lealdade à Alpha era inegável, surta ao descobrir a morte da líder, e desconta essa raiva até nos colegas Sussurradores. Quando retorna ao seu esconderijo, detalhes de seu passado enfim são revelados: antes de todo o apocalipse, Beta era um cantor country que atendia pelo nome artístico Half Moon. A reviravolta é parecida com algo que acontece nos quadrinhos, onde também há uma personalidade famosa por baixo da máscara de pele (lá, porém, se trata de um ex-jogador da NBA). Os episódios anteriores já haviam brincado com isso, com figurantes se questionando sobre a familiaridade da voz do personagem. Fear the Walking Dead inclusive chegou a mostrar a capa de um álbum do cantor, o que já servia como confirmação para muitos fãs.
Enquanto isso é interessante para entender melhor de onde Beta veio, não serve muito para olhar para onde ele vai. Assim como Carol, ele fica em uma amarga reflexão, até que interpreta uma mensagem deixada por Alpha como sinal de que deveria fazer uma máscara com a pele de sua líder e reunir as hordas para um novo ataque. Considerando que o finale original, o episódio 16, foi adiado por conta da pandemia de coronavírus, não é certo se veremos essa ofensiva logo na próxima semana ou só quando a AMC finalizar o material pendente e exibi-lo como um especial.
… E O Que Vem Pela Frente
Curiosamente, o arco que mais avança a trama é o de Eugene (Josh McDermitt), vital ao futuro do programa. Agora, ele revela aos sobreviventes que anda se comunicando via rádio com Stephanie, uma mulher de outra comunidade. Recorrente há anos, o personagem é frequentemente irritante, com histórico de mandar mal mesmo em situações tensas. Ainda assim, os últimos anos começaram a envolvê-lo mais na ação, e o talento de McDermitt - que já teve pequenos papéis tanto em Mad Men quanto em Twin Peaks: The Return - ajuda nessa nova fase. É impressionante vê-lo em um genuino momento de fragilidade com o grupo, entregando emoção real mesmo com diálogos tão carregados.
O contato com a nova comunidade é autorizado por Ezekiel (Khary Payton), e eles partem com Yumiko (Eleanor Matsuura) para conhecer quem é a voz do outro lado do comunicador. O trio vai longe e, ao que tudo indica, o Império (ou a Commonwealth) - comunidade gigantesca que é parte-central de “Nova Ordem Mundial”, a fase seguinte aos Sussurradores nas HQs - deve ser introduzido ainda na 10ª temporada. Porém antes disso, a série apresenta uma personagem inédita, mas com bastante importância nas HQs: Juanita Sanchez, a Princesa.
Sua aparição é bastante inusitada. No caminho para encontrar para encontrar Stephanie, o grupo entra na cidade de Pittsburgh, completamente deserta. Os zumbis, porém, não vagam pelas ruas, mas sim estão “posicionados” para recriar cenas mundanas, como um casal tomando café em um restaurante, ou uma policial aplicando uma multa em um motorista (cena que faz Ezekiel cair na risada). A dona desse humor peculiar dá as caras logo em seguida, com roupas chamativas e cabelo colorido.
Com apenas mais um episódio na 10ª temporada, The Walking Dead deve ainda dar uma conclusão aos Sussurradores, mas já começou a introduzir elementos da “Nova Ordem Mundial”. Resta saber o quanto disso ainda deve dar as caras na semana que vem e quanto só será visto no eventual capítulo especial.
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No Brasil, The Walking Dead é transmitida aos domingos pelo canal pago Fox, às 22h10, e também pelo streaming Fox App.