É inevitável comparar o novo Universo DC (DCU) ao Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Além de serem mundos compartilhados por diferentes filmes e séries envolvendo vilões e heróis de quadrinhos, eles agora compartilham um grande nome: James Gunn.
Diretor da trilogia de Guardiões da Galáxia, ele já passou pela DC com O Esquadrão Suicida e Pacificador, mas agora encabeça a direção criativa da nova empreitada da Warner Bros. – que descartou o antigo DCEU – e dirige o filme que dará o pontapé inicial nessa iniciativa com Superman. Foi no set deste projeto, em Cleveland, nos EUA, que conversamos com o cineasta sobre o que podemos esperar do DCU, e por que o MCU não é a melhor comparação. Ele prefere citar outros dois universos.
Na mente de Gunn, há duas razões para isso. “Game of Thrones, não só a série, mas também os livros, é o que estamos usando de referência pro DCU,” ele explicou. “O DCU não é o MCU. O MCU é mais ou menos o nosso mundo. Tem Nova York, tem essa ou aquela cidade, com super-heróis no meio. O DCU é um universo diferente. Levemente diferente, levemente transformado.”
DC Studios
Projetos do primeiro capítulo do Universo DC de James Gunn
“No DCU, não temos Nova York, temos Gotham City. Não temos Seattle, temos Metrópolis. Temos outras cidades que povoam um mundo fictício e somos muito, muito cuidadosos com isso,” ele continuou. “Estamos trazendo outros criadores para fazer outras histórias a partir disso, com tudo um pouco diferente assim como nos quadrinhos, com diferentes tons.”
Para exemplificar a variedade do universo, Gunn fala sobre como Superman se distingue de Pacificador, cuja segunda temporada ele já filmou e será parte do DCU. “Em Superman, não falamos muito de coisas da cultura pop. Em Pacificador, eles só falam disso; bandas reais e coisas do tipo.”
Mas há outra diferença entre o MCU e DCU, que diz mais sobre os bastidores. O DCU não vai, a princípio, usar filmes para lançar outros filmes. “Eu nunca vou sacrificar o presente pelo futuro. Tudo será sempre sobre a história que está à nossa frente. Isso é o mais importante. Não vamos dar luz verde para filmes sem roteiros prontos,” ele garante. Isso traz consequências para a construção da tal mega narrativa.
“Nós temos planos básicos para o que acontece no universo, mas se algo não der certo como queremos, então vai mudar. Nós temos filmes e séries que nos surpreenderam.” Um exemplo disso é que Supergirl não foi pensado como o segundo filme do DCU, mas quando Gunn e Safran receberam o roteiro de Ana Nogueira, ele passou na frente e chega em 2026.
“Outros filmes foram escritos, mas não ficaram tão bons quanto esse. Então vamos seguir com esse ritmo. Tudo tem que ser bom. Qualidade vem primeiro em todo projeto que fazemos. E isso é mais importante do que contar essa história grandiosa,” ele garantiu.”
Ainda assim, eu insisti para mais detalhes: "Mas vocês tem uma história no universo, e além de ser o diretor de Superman, você é um dos líderes do estúdio. Eu não quero spoilers, mas que tipo de história o DCU vai ter senão será um quebra-cabeça como o MCU?”
Como bom chefe de estúdio, Gunn ficou tímido, buscando esconder o jogo. “Bom, tem uma história maior que talvez seja parte das coisas que teremos que deixar simples e explicar nos nossos projetos conforme andamos.”
Soa confuso? Essa parece ter sido a intenção. Gunn, porém, tentou explicar a abordagem. “Por exemplo, estamos fazendo a segunda temporada de Pacificador. Você tem que entender algumas coisas que aconteceram na primeira temporada, e mostramos isso em flashbacks antes dos episódios. Você precisa explicar algumas coisas, mas, novamente, eu não penso nisso como, necessariamente…”
Novamente, Gunn pausa e considera suas palavras. Não é fácil ser o “Kevin Feige da DC.” Enfim, ele continua. “De certa forma, o DCU é como o MCU, porque eu fiz os filmes de Guardiões e esses filmes são independentes. Você não precisa assistir a nada no MCU para entendê-los. Em Guardiões Vol. 3, Chris Pratt explica toda a história de Guerra Infinita e Ultimato num elevador. Você nunca precisa ver nenhum outro filme para entender esses filmes. Será do mesmo jeito aqui,” ele exemplificou.
“Ao mesmo tempo, eu também me inspiro muito em Star Wars, Game of Thrones e outras coisas que contam diferentes histórias dentro da mesma continuidade. Não é sobre contar apenas uma história,” ele concluiu.