Robert De Niro e Al Pacino trabalharam juntos em um dos melhores filmes da história do cinema: O Poderoso Chefão - Parte 2, de 1974. Porém, como atuaram em duas linhas temporais distintas no clássico de Francis Ford Coppola, não chegaram a ter cenas juntos. Duas décadas depois, voltaram a dividir os créditos, desta vez em Fogo Contra Fogo (Heat, 1995). Vivendo antagonistas, novamente mal chegaram a ter diálogos.
As Duas Faces da Lei 2
Essa distância e o fato dos dois serem dois nomes lendários do cinema colaboraram para certa expectativa ao redor de As Duas Faces da Lei (Righteous Kill, 2008), projeto em que, finalmente, De Niro e Pacino dividem praticamente todas as cenas, já que atuam lado a lado como policiais parceiros. A produção independente de 60 milhões de dólares coloca a dupla como detetives do departamento de homicídios na caçada a um assassino serial que resolveu fazer justiça com as próprias mãos em Nova York.
O problema é que De Niro e Pacino já faz tempo estão operando no "automático". Sem a condução de bons diretores - e aqui contam com o fraco Jon Avnet, que já trabalhou com o primeiro em 88 Minutos -, têm realizado filmes burocráticos, que nada agregam aos estrelados currículos de ambos. Avnet, aliás, parece meio maravilhado demais com o fato de estar dirigindo os dois... perde-se de cara numa longa seqüência inicial, passada em um galeria de tiro, em close-ups das rugas da dupla, como que ainda tentando acreditar que está ali. Com uma atitude dessas, como esperar pulso firme na condução das duas lendas?
Não ajuda também o roteiro de Russell Gewirtz (O Plano Perfeito) acreditar ser mais esperto do que realmente é. Ao apoiar todo o filme em uma reviravolta que dá pra ver chegando desde a primeira cena (sim, é primária desse jeito), os realizadores perdem todos os seus trunfos. Afinal, mesmo quem ainda não adivinhou o "whodunnit" (ferramenta narrativa das histórias policiais na qual desvendar o quebra-cabeça é o principal objetivo do público) de cara não deve surpreender-se com a mal-ajambrada maneira como ele é revelado.
Um filme fraquíssimo. Melhor sorte para De Niro e Pacino da próxima vez. Mas é bom que não demorem mais dez ou vinte anos pra se reunirem, já que não estão ficando exatamente mais moços... ou mesmo melhores atores.