8 Mile - Rua das Ilusões/Universal Pictures/Reprodução

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Crítica

8 Mile - Rua das Ilusões

Eminem mostra que, além de vender milhões de discos, também sabe atuar

20.03.2003, às 00H00.
Atualizada em 17.10.2019, ÀS 09H53

Todo mundo vive falando que 8 Mile - Rua das ilusões (8 mile, 2002) é um filme biográfico sobre a vida de Marshall Matters III, ou Eminem, como o chamam por aí.

Ok, estamos falando de um branquelo que conseguiu se dar bem num campo controlado por negões, o Rap. O cenário é a mesma Detroit decadente. A mãe dele prefere se afogar numa garrafa de qualquer bebida alcoólica a trabalhar. Mas as comparações páram por aí.

Jimmy B Rabbit Jr. é um cara trabalhador, que cuida da irmãzinha, ainda tem um certo carinho pela sua ex e não fica xingando a mãe por esporte. Hmmm, calma lá. Ultimamente Eminem parou de falar mal de sua progenitora e dizem que pode até mesmo rolar uma reconciliação com a mãe de seu filho. Será que toda aquela homofobia e a raiva que ele tinha do mundo eram puro Marketing?

Só o tempo dirá...

Nem Madonna, nem Elvis

Mas o fato é que como ator Eminem é mais do que um rapper que vende milhões de discos. Trabalhar com um material que lhe seja tão próximo de sua vida real deve ter ajudado, mas sua atuação é realmente digna dos boatos que o colocavam na lista de possíveis indicados ao Oscar de Melhor Ator. E só os rumores já estão de bom tamanho, afinal ele não chega aos pés de Brody, Cage, Caine, Day-Lewis, ou Nicholson.

Apesar de se mostrar bastante à vontade ao interpretar, é na hora que sobe ao palco que Eminem ganha a audiência. Se você estiver sentado no fundo do cinema, vai poder ver várias cabeças balançando durante as batalhas de freestyle, o equivalente ao repente praticado pelos nossos nordestinos, porém muito mais viscerais.

Um dos principais pontos positivos da trama é que o romance não torna o filme melado, a pancadaria não se sobrepõe à história e o final não é do tipo viveram felizes para sempre. Nem mesmo a presença de certos clichês, como a gangue formada por um amigo/mentor que o incentiva, um intelectual e um pateta, diminuem mais um belo trabalho de Curtis Hanson, diretor de Los Angeles - Cidade Proibida (L.A. Confidential - 1997) e Garotos incríveis (Wonder Boys - 2000).

Assim como a música tirou (e tira) muita gente de uma vida praticamente certa dedicada ao crime, 8 Mile pode ser mais um passo pela mudança de posicionamento mercadológico do Eminem. Comigo pelo menos funcionou. Não o odeio mais. Apenas não gosto de sua música e de quando ele quer brigar com o pacato Moby.

Nota do Crítico
Bom