Quando o remake de Amanhecer Violento (Red Dawn) foi rodado, em 2009, Chris Hemsworth ainda não era o Thor e Josh Hutcherson continuava o adolescente pré-Jogos Vorazes. O lançamento do filme primeiro atrasou por causa da bancarrota da MGM, depois porque não caia bem colocar os chineses, hoje os principais parceiros internacionais de Hollywood, como vilões da história (na pós-produção os chineses foram transformados em nortecoreanos).
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red dawn
De qualquer forma, Amanhecer Violento sempre estaria deslocado nos anos 2000, porque é um filme com cabeça de velho. O original de 1984 respondia aos anseios belicistas do governo Reagan, mas hoje, por mais que a Coreia do Norte provoque a comunidade mundial, nada parece mais antiquado - pós-Columbine, pós-Aurora - do que achar que crianças armadas são a salvação.
Hemsworth assume o papel que foi de Patrick Swayze no original, Jed, o veterano de guerra e irmão mais velho de Matt (antes Charlie Sheen, agora Josh Peck). Quando a pacata vizinhança de Spokane, perto de Seattle, acorda um belo dia com paraquedistas e tanques nortecoreanos por todo o lado, Jed organiza uma guerrilha para atacar os invasores.
Os milicianos sem barba na cara pegam emprestado o nome do time colegial local de futebol americano, Wolverines, mas se eles se chamassem "The Fast Food Guerrilla" daria na mesma, porque Amanhecer Violento reza sob a cartilha do consumo - esse que era o último bastião do orgulho americano até a crise financeira, a capacidade de consumir e gastar sem culpa.
Então o filme dirigido por Dan Bradley parece menos uma convocação à coletividade do que uma reafirmação da individualidade, do crédito pessoal. Como diz Jed, identificar a melhor arma (o melhor "produto"), é um dom. Um personagem prova sua primeira garrafa de cerveja e isso soa como uma pequena vitória do capitalismo. E se a indústria de carros está em crise, e a indústria das armas está na mira do governo, por que não colocar uma metralhadora em cima de um carro popular para ver se isso não revigora o mercado?
Peck, péssimo ator, é o canal da mensagem. Faz o quarterback que perde a partida de futebol no começo do filme mas vence a guerra com altos saltos, corridas e piruetas, para fazer valer sua predestinação. Se a minoria latina sofre porque Matt é egoísta, paciência. Se a minoria negra é largada no meio do caminho, é porque a lógica do consumo é uma deturpação darwinista - o que vale é a vontade da maioria.
Hollywood parece ignorar que as guerras dos EUA hoje, ao redor do mundo, são lutadas por seus negros e latinos, mas enfim... É 2009 e temos aí esse Chris Hemsworth, ele tem tudo para se tornar um grande produto, com seus olhos azuis.
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