Misturar várias histórias num mesmo filme é um artifício muito usado em filmes como Pulp Fiction, Amores Brutos ou Go - Vamos Nessa, que são produzidos visando atingir principalmente os jovens que gostam de Rock n Roll e música eletrônica, drogas, violência e aventuras. Definitivamente, este não é o público de As Horas (The Hours, 2002), de Steven Daldry.
As Horas
Baseado no livro homônimo, de Michael Cunningham, As Horas é não linear desde o começo. Tempo e espaço são apenas um detalhe. Não importa se o que aparece na telona é o subúrbio londrino da década de 20 de Virgina Wolf (Nicole Kidman), a Los Angeles do pós-guerra em que vive Laura Brown (Julianne Moore), ou a Nova York de Clarissa Vaughn (Meryl Streep), em 2001.
O elo entre as três mulheres é a Sra. Dalloway. Wolf está escrevendo o livro que a tornou famosa. Brown, nos anos 40, está lendo a obra e sendo influenciada por cada dia na vida da protagonista. E Vaughn, uma agente literária, foi apelidada por Richard (Ed Harris) de Sra. Dalloway, pois aparenta uma falsa felicidade para esconder sua tristeza.
O diretor de Billy Elliot usou sua experiência como conceituado diretor de teatro para arrancar atuações impecáveis de gente do calibre de Meryl Streep, Julianne Moore e Ed Harris. Porém, assim como em Cyrano de Bergerac e Pinóquio, todo mundo só parece prestar atenção numa coisa: o nariz. No caso, o nariz falso de Nicole Kidman.
Apesar de uma atuação realmente diferenciada, Kidman não faz nada a mais do que as outras protagonistas. Sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz é apenas mais uma prova de que Hollywood funciona como o mercado financeiro e quem está em alta hoje é Nicole Kidman.
As Horas surgiu como um livro, virou um excelente filme. Mas se fosse uma música, seria um Blues. Triste e lindo.