Filme cheio de viradas, de personagens, de cenas de ação e de CGI, As Tartarugas Ninja 2 - Fora das Sombras (Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows) faz uma escolha muito clara para tentar tornar a experiência melhor para o espectador do que foi o sofrido primeiro longa do quarteto em computação gráfica. Uma escolha pela superficialidade.
Todos esses elementos que se multiplicam na continuação - o humor é mais presente, a ação é mais presente e por aí vai - trabalham em função da overdose para dar ao público um filme que não tem a carga dramatizada do anterior (nada de dilemas de origem) e que possa camuflar suas fragilidades com muito estímulo sensorial. Fora das Sombras é um Tartarugas Ninja não para as poucas pessoas que tiveram contato com a HQ original e sim para as eternas crianças que cresceram com os desenhos e games desde os anos 1990, cheios de cores e sem pretensões narrativas.
Na trama, Destruidor precisa juntar três peças de uma máquina que pode abrir um portal dimensional, que permitirá a invasão alienígena de Krang e seu Technodrome. Não apenas é uma parceria de vilões já bastante conhecida dos fãs como até os golpes do androide-esqueleto de Krang remetem aos arcades; Fora das Sombras é um festival de fan services que, assim como os estímulos de som e imagem (potencializados pelo 3D incessante do filme), visa agradar seu público-alvo de forma imediata, ainda que breve e sem muitas consequências.
Então recomenda-se que não se assista a As Tartarugas Ninja 2 - Fora das Sombras preocupado com o fato, por exemplo, de todos os personagens já adivinharem de antemão as intenções dos vilões ou o que são e como funcionam os objetos que fazem a trama avançar. Não há mistério possível neste filme que opera sob a lógica do instantâneo - qualquer criação de expectativa ou trama de desdobramentos mais elaborados seriam esforço demais para uma equipe que visivelmente concentra todo seu tempo e seus recursos imaginando situações de ação e renderizando criaturas e cenários digitais.
A boa notícia é que algumas dessas situações realmente demonstram o trabalho gasto, como a sequência de ação ar-água sobre o Brasil. E durante as câmeras lentas dá até para entender um pouco do que acontece na tela em meio a essa verdadeira pujança que é ver seis, sete personagens de computador disputando espaço e tempo de cena como os Autobots e Decepticons dos Transformers de Michael Bay.