Não há um frame sequer de criatividade em 17 Outra Vez (17 Again), filme desenhado como um teste de popularidade para a carreira solo (fora de High School Musical) do ídolo adolescente Zac Efron. Bom, talvez para o público-alvo do astro até exista alguma novidade. Afinal, as meninas de 12 anos, que tinham apenas 7 quando Sexta-Feira Muito Louca e De Repente 30 saíram nos cinemas, nunca viram Quero Ser Grande, Tal Pai, Tal Filho, De Volta aos 18 e tantos outros filmes de troca de corpos.
17 Outra Vez
17 Outra Vez
Comédias desse cansado gênero tratam de segundas chances, da possibilidade de reviver situações para acertá-las ou vê-las com outros olhos. São normalmente inofensivas, mas sob a pele bem-humorada de 17 Outra Vez esconde-se a musculatura moralista que dominou a cultura pop tween (o neologismo da moda para indicar os pré-adolescentes) em Hollywood nos últimos anos com seus ícones castos.
Note: Mike O'Donnell (Efron) tinha tudo o que um adolescente poderia desejar: a garota mais bonita do colégio, uma posição de destaque no time de basquete, uma carreira promissora no esporte, a admiração de seus colegas e um rebolado sem igual (numa das mais desnecessárias cenas do cinema recente). Mas tinha que colocar tudo a perder ao transar com a menininha. Com a moça grávida, o bom rapaz Mike abandona tudo. Anos depois, ele é um adulto amargurado (Matthew Perry, o Chandler de Friends), preso em um emprego tedioso, sem conseguir entender-se com a esposa ou relacionar-se direito com os filhos. Mas subitamente, certa manhã, Mike acorda com seu antigo corpo de 17 anos (Efron) - e ganha a chance de reescrever sua vida.
Virgin Again seria um título mais honesto para 17 Again...
Mesmo que a lição moralista seja ignorada, nada se salva em 17 Outra Vez como cinema. O roteiro é um mosaico de situações já conhecidas e recheado de personagens estereotipados. Um bom diretor talvez até pudesse extrair algo dali, só que a mão de Burr Steers é pesada demais. Sem falar que ele já tinha mostrado em A Estranha Família de Igby que não tem originalidade mesmo ao copiar Wes Anderson.
Bons atores seriam outra chance de acerto para a produção, mas Perry e Efron não são exatamente conhecidos por suas habilidades performáticas. Zack Efron, por exemplo, não faz qualquer esforço para atuar diferente quando torna-se um adulto preso no corpo adolescente. E esse é o esforço mínimo que se espera de um filme de troca de corpos: que eles pareçam... trocados.
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