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Crítica: Confissões de uma Garota de Programa

Filme reúne Steven Soderbergh, vencedor do Oscar por Traffic em 2001, e a atriz pornô Sasha Grey

13.08.2009, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 17H04

Steven Soderbergh queria uma garota diferente para seu novo projeto. Encontrou o que procurava, a protagonista perfeita para Confissões de Uma Garota de Programa (The Girlfriend Experience, 2009), num perfil publicado em 2006 na revista do jornal Los Angeles Times. A moça em questão tinha 18 anos e uma incipiente carreira de atriz pornô.

Confissões de Uma Garota de Programa

Confissões de Uma Garota de Programa

Alguns meses, e dezenas de filmes depois, a história era outra: Sasha Grey passou de desconhecida a estrela consagrada. Soderbergh adorou a pornstar jovem, bonita e competente que circula com igual desenvoltura tanto por sets eróticos quando pelo universo pop. Ela gosta de música, graphic novels e adora cinema. Entre seus favoritos estão Herzog, Cassavetes e Truffaut. Chegou a pensar em adotar como pseudônimo Anna Karina, nome da ex-mulher de Godard e protagonista de vários de seus filmes, como Alphaville (1965).

O diretor não pestanejou: marcou um encontro pelo MySpace e a convidou para estrelar o filme.

Essa pequena digressão se faz necessária por um motivo bastante simples. Não fosse o diretor ser quem é e a protagonista despertar tanta curiosidade, é possível que Confissões de Uma Garota de Programa passasse batido, perdido na programação de algum festival independente.

Rodado em poucas semanas, com um elenco todo formado por não-atores - a exemplo do crítico de cinema Glenn Kenny no papel do reptílico The Erotic Connoisseur -, o filme acompanha alguns dias na vida de uma garota de programa high class, vivida por Sasha.

Chelsea não é simplesmente uma moça que se pague para uma ou duas horas de sexo. Ela oferece a "experiência de uma namorada", sutileza que o título em português fez questão de ignorar. Quando sai com um cliente, ela se veste bem, e de maneira discreta, conversa com seus acompanhantes, ouve as queixas, ri das piadas... Sexo parece ser apenas uma conseqüência.

Para ela, receber para transar é só mais uma profissão. E assim também parece pensar seu namorado. Mas essa vida aparentemente equilibrada está prestar a entrar em colapso. Chelsea se interessa por um cliente. Que se interessa por ela. Ou assim parece.

Confissões é um filme curiosamente experimental, dirigido por um cara que já ganhou um Oscar, é preciso lembrar. Meio irregular é verdade, com cenas que beiram o enfadonho, outras vividamente interessantes - especialmente para quem está familiarizado com a "outra" carreira de Sasha.

Os atores, a despeito da inexperiência, saem-se bem e como num conto moral, Soderbergh recorre à experiência do veterano ator pornô Jamie Gillis para ensinar à Chelsea, e ao público, um fato da vida: "A splendid time is absolutely not guaranteed for all", diz ele no clássico x-rated The Opening of Misty Beethoven (1976).

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Nota do Crítico
Bom