Um ditado em inglês diz "Boys will be boys", algo como "garotos sempre serão garotos" ou, em uma interpretação mais livre, "garotos não crescem nunca". Tem um pouco de Peter Pan aí, mas o que ele quer dizer é que não importa a idade, o local ou a criação, sempre vai haver espaço para aquelas travessuras de moleque, não importa se as rugas já cobrem o rosto e os cabelos vão ficando grisalhos. Will Ferrel é um grande exemplo disso. Bom tanto na comédia física quanto na falada, ele vai mostrando a cada novo trabalho que não há idade que o impeça de pular, fazer manha, bater no chão, fingir choro e arrancar gargalhadas.
Quase Irmãos
Quase Irmãos
Quase Irmãos
Seu filme mais recente é Quase Irmãos (Step Brothers, 2008). A comédia reúne o mesmo time do divertido Ricky Bobby - A Toda Velocidade (Talladega Nights, 2006), com Ferrell protagonizando ao lado John C. Reilly nos papéis pricipais e assinando com o diretor Adam McKay o roteiro. A boa notícia é que dessa vez eles não vão direto para as prateleiras das locadoras, como aconteceu na história sobre os pilotos da Nascar. E se quiser continuar dando risadas de verdade no cinema, recomendo que você chame o maior número possível de amigos e façam uma caravana para a sala mais próxima.
Não estou aqui fazendo propaganda gratuita do longa-metragem. Realmente me diverti no filme e o recomendo. Muito melhor um Will Ferrell na mão do que um Super-Herói - A Linha da Injustiça no cinema.
A história, caso você queira realmente saber, é estapafúrdia como sempre. Ferrell é Brennan Huff, tem 39 anos e ainda vive com sua mãe. John C. Reilly é Dale Doback, que aos seus 40 anos nunca saiu da casa do pai. O problema dos dois começa quando mamãe Huff e papai Doback decidem juntar suas escovas de dentes e todos vão morar sob o mesmo teto. O ciúme, o desconforto pelas novas pessoas em casa e tudo o que já conhecemos de outros filmes está lá, mas anabolizado pelo fato dos dois "filhinhos" serem adultos que decidiram não crescer. E que brigam como adultos!
O ponto de virada acontece no jantar em que o irmão de Brennan, Derek (Adam Scott), aparece para mostrar como ele é bem sucedido - e provar mais uma vez como Brennan e Dale são fracassados. A partir do ódio que sentem por Derek, os dois começam a se identificar e pouco a pouco vão vendo que têm mais em comum do que imaginavam. O resto é desculpa para fazer graça e que não precisa ser dito aqui.
Correndo o risco de ser acusado de machismo, devo dizer que esta é uma comédia tipicamente masculina. E não é pela piada flatulenta, que na verdade me deixou um tanto quanto irritado pela sua obviedade. Digo isso porque o humor utilizado é mais grosseiro - e entendam isso como um elogio. Mas se mesmo assim você decidir "descontar" as comédias-românticas que teve de assistir e levar a sua amada ao cinema, saiba do risco que está correndo. Se ao final do filme ela olhar para você e perguntar onde está a graça, diga apenas: It's a boy thing.