Para a maior parte dos usuários da Netflix, o novo filme de Larissa Manoela pode parecer só mais uma comédia romântica fútil. Quem der uma chance, porém, pode descobrir que Diários de Intercâmbio oferece mais que uma história boba de amor.
A trama acompanha Bárbara (Manoela), uma jovem brasileira que sonha em viajar o mundo como comissária de bordo; para realizar seu sonho, ela faz um intercâmbio como au pair para os Estados Unidos ao lado de sua melhor amiga, Taila (Thati Lopes). Muitas confusões e descobertas, como o encontro com um novo amor e o autoconhecimento, acontecem nessa viagem que é retratada na maior parte do filme.
Com um enredo leve e descontraído, Diários de Intercâmbio acerta o alvo da maioria das comédias românticas e, como entretenimento de conforto, deixa aquele quentinho no coração. Diferente de tantos filmes do gênero, porém, em que o foco principal é a relação do casal protagonista, a trama prefere mostrar os problemas de uma jovem cheia de sonhos, que leva uma vida infeliz no trabalho, com um chefe difícil de conviver e um sonho de mudar de profissão, sem saber por onde começar. Todas essas questões - mais do que presentes na vida real - permitem a identificação dos espectadores de diversas idades com a personagem de Larissa Manoela.
Logo após a decisão de Bárbara sobre seu futuro, acompanhamos a protagonista aprendendo lições valiosas ao longo de sua jornada, como a importância de sair da zona de conforto, aceitar mudanças repentinas, autoconhecer-se e enfrentar desafios diários. O filme não foge de retratar todos os obstáculos de uma jornada como essa, desde a falta de apoio materno, até a adaptação a uma nova cultura e a uma nova família, resultando em uma reflexão final de esperança para todos aqueles que têm um sonho e ainda não conseguiram realizar.
Um dos pontos altos do filme é a presença de cena de Thati Lopes, que com seu jeito espontâneo e engraçado de ser cabe como alívio cômico e contrapeso para as situações mais sérias, como por exemplo durante o julgamento de Lucas (Bruno Montaleone), par romântico de Larissa Manoela. Por meio do humor, o filme encaixa no pacote da leveza alguns comentários em tom de crítica sobre os Estados Unidos, registrados em cena como brincadeiras que podem ou não ter um fundo mais incisivo, dependendo da posição do espectador.
Depois de ter acompanhado todas essas reviravoltas na vida de Bárbara, é surpreendente ver Diários de Intercâmbio desembocar em um plot twist, que apesar de ser explicado rapidamente torna o enredo redondo e completo, sem que nenhuma cena tenha sido inserida na produção por acaso. Diários de Intercâmbio é divertido e, apesar do apelo teen, não trata somente de temáticas relacionadas aos jovens, como o primeiro amor e a amizade de infância. O que se vê em cena é uma versão de Larissa Manoela - que, querendo ou não, inspira o público a relacionar o filme com a experiência real da atriz nos EUA e seu olhar sobre o país - em estado de amadurecimento.