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Crítica

Grandes Esperanças | Crítica

Mike Newell não se arrisca em adaptação fiel e clássica à obra de Charles Dickens

12.09.2012, às 19H55.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Grandes Esperanças, uma das maiores obras de Charles Dickens, é velha conhecida das telas. Desde a adolescência do cinema, em 1917, até as mais recentes adaptações, como a realizada em 1998 por Alfonso Cuarón, o livro teve adaptações quase em todas as décadas na telona ou na TV (incluindo aí uma paródia fantástica em South Park).

A mais recente transição literária para o cinema ficou a cargo de Mike Newell, diretor experimentado em adaptações que retratam épocas e mundos distintos, de Gabriel Garcia Marques (O Amor nos Tempos do Cólera) a J.K. Rowling (Harry Potter e o Cálice de Fogo - curiosamente, tanto Newell como Cuarón trabalharam em filmes de Harry Potter). Para Grandes Esperanças, o cineasta se atém ao básico, transportando com a maior fidelidade possível o material de base.

Grandes Esperanças 2012

Grandes Esperanças 2012

Grandes Esperanças 2012

O filme recorda a conhecida história de Pip (Jeremy Irvine e Toby Irvine), um órfão criado pela irmã e seu marido, um ferreiro (Jason Flemyng), que é seduzido pelo excêntrico mundo da Srta. Havisham (Helena Bonham-Carter, assombrosa, saída de um filme do Tim Burton), mulher incapaz de se recuperar de um coração partido e que decide treinar a filha (Holliday Grainger e Helena Barlow) para que ela faça com os outros o que fizeram com ela.

A história de um amor que atravessa as décadas é tratada com classicismo e um tom realista, com pouca poesia. À excessão de uma trilha sonora que marca as cenas com ênfase, Newell não deixa-se levar por estilos, dando exclusivamente à história (bem adaptada por David Nicholls) e aos atores o tempo que eles precisam.

O problema é que os dois primeiros atos demoram demais, com toda a (valiosa) construção de personagens, mas o final apressa-se para desvendar toda a intrincada conspiração (inexistente em algumas das versões do cinema, mais focadas no romance) entre o protetor de Pip (Liam Neeson) e o advogado (Robbie Coltrane, ótimo).

Sem surpresas, Grandes Esperanças funciona como curiosidade para quem já conhece a obra, mas não agrega a ela qualquer valor além de um desfecho que mescla de maneira interessante os dois finais escritos por Dickens. É muito bonito, mas pouco inspirado, fiel e convencional demais.

Nota do Crítico
Bom