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Homem-Aranha - O Filme | Crítica

Homem-Aranha - o filme

17.05.2002, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Até o ano de 2000, o filme do Homem-Aranha equivalia a sinônimo de boataria, desentendimentos e brigas judiciais. Era até muito improvável que a produção chegasse às telas nos anos seguintes. Para complicar ainda mais, havia uma infinidade de nomes prováveis cotados para elenco, direção e roteiro. Só uma coisa era certa: a incerteza.

Com tantos empecilhos, a aventura cinematográfica do mais tradicional herói da Marvel Comics estava fadada a ser engavetada. Como numa de suas HQs, o Escalador de Paredes foi salvo na última hora pela intervenção espetacular dos X-Men... ou melhor... pelo interesse do público no filme dos mutantes dirigido por Bryan Singer. O sucesso da película serviu para jogar, na cara letárgica de Hollywood, o potencial deste filão.

Devidamente conscientes do que tinham em mão, os estúdios desembaraçaram todos os nós jurídicos e, em poucos meses, a Columbia Pictures detinha os direitos da produção. Poucos dias após a estréia de X-Men (2000) nos Estados Unidos, Tobey Maguire foi anunciado como o ator que daria vida a Peter Parker, e o cultuado Sam Raimi foi citado com o diretor.

A partir de então, passo a passo, os trâmites da filmagem puderam ser acompanhados aqui mesmo no Omelete. É que a estréia do nosso site coincidiu com o anúncio da Columbia. Foram mais dois anos de rumores, imagens de bastidores, adiamentos, o fatídico primeiro teaser (aquele das torres gêmeas) e muita, mas muita expectativa. Os meses de espera, no entanto, não foram em vão. Eles culminaram na melhor - e digo isso sem exagero - adaptação de uma HQ para os cinemas.

Empatia

Homem-Aranha divide-se em dois momentos bastante distintos: os últimos dias de Peter Parker no colegial e sua ida - já dominando suas novas habilidades - para Manhattan, Nova York. Cada um deles tem seus méritos. No entanto, o primeiro é que cativa a audiência. Nele está toda a essência dos gibis. O nerd Peter Parker, confortavelmente interpretado por Tobey Maguire, é picado por uma aranha geneticamente modificada e sofre uma alteração em seu DNA. Presto! Tal qual nos quadrinhos, o rapaz adquire os poderes e habilidades proporcionais aos de um aracnídeo. E, em momento algum, nós duvidamos disso.

Sua primeira reação é a mais normal possível: descobrir como lucrar com seus novos dons e, de quebra, impressionar sua vizinha Mary Jane Watson (Kirsten Dunst, perfeita). Eu não faria diferente; você provavelmente também não. Imperfeito que sou, se fosse abençoado com poderes Jedis, cairia para o lado negro em... digamos... 15 minutos. No entanto, o caminho mais sedutor está longe de ser o mais recompensador. Escolhe-lo resulta em conseqüências trágicas e dramáticas. Peter aprende, a duras penas, que com grande poderes vêm grandes responsabilidades.

Combate ao crime

Depois da amarga lição de vida, Parker assume a identidade do Homem-Aranha e entrega-se ao combate ao crime. Entretanto, criminosos comuns são apenas um aperitivo antes da verdadeira prova de fogo: o confronto com seu nêmesis, o Duende Verde. Na verdade, trata-se do poderoso Norman Osborn (Willem Dafoe), um industrial que testa em si mesmo sua fórmula para criar supersoldados. O experimento transforma-o física e mentalmente.

Esta segunda parte do filme, apesar de não ser tão envolvente quanto a primeira, é de tirar o fôlego. Visualmente, não tem pra ninguém. São de longe os melhores combates de super-herói que a tecnologia atual poderia engendrar. É emocionante ver saltarem para a realidade cenas corriqueiras nos quadrinhos, mas, até alguns anos atrás, impensáveis no cinema. Mesmo que o tempo traga outras ainda mais impactantes, dificilmente elas vão superar a indescritível sensação de se ver, pela primeira vez, um gibi ganhando vida. Se você for fã de quadrinhos, prepare-se para ficar em estado de graça. Há dezenas de passagens da existência do herói, incluindo muitas das mais relevantes para sua carreira.

Qualidade de execução

Além da boa história - notadamente uma analogia às mudanças da puberdade, com direito a secreções indesejáveis e crescimento de pêlos -, Homem-Aranha tem méritos disseminados por vários de seus aspectos quer sejam efeitos especiais, direção ou elenco.

Desde seus dias de Evil Dead - A morte do demônio (Evil Dead, 1982), Sam Raimi é adepto dos movimentos e ângulos estilosos de câmera. Em Homem-Aranha, suas preferências caíram como uma luva, concedendo verossimilhança e graça ao Aracnídeo em suas acrobacias pelos desfiladeiros de concreto de Nova York.

Enfim, Spider-Man tem todos os ingredientes de um entretenimento de qualidade: ação, humor, aventura, pancadaria... e uma sexy ruivinha com a camiseta molhada.

O que mais você poderia desejar? :-)

Homem-Aranha
(Spider-Man) - EUA - 2002

Dirigido por Sam Raimi

Com Tobey Maguire (Homem-Aranha/Peter Parker), Willem Dafoe (Duende Verde/Norman Osborn), Kirsten Dunst (Mary Jane Watson), James Franco (Harry Osborn), J.K. Simmons (J. Jonah Jameson), Randy Poffo (Bone Saw McGraw), Joe Manganiello (Eugene Flash Thompson), Cliff Robertson (Ben Parker), Rosemary Harris (Tia May), Ted Raimi (Hoffman), Bill Nunn (Joe Robbie Robertson).

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Imagens © 2002 Sony Pictures Entertainment

Nota do Crítico
Ótimo