Motivado, talvez, pelo ótimo elenco de apoio, Robert De Niro prova em O Último Suspeito (City by the sea, de Michael Caton-Jones, 2002)que ainda é capaz de surpreender nas telas. Apesar de um roteiro burocrático e um diretor que pouco se arrisca, acaba sobrando espaço para o ator interpretar com naturalidade e deixar de lado os cacoetes que vinha apresentando nos últimos anos.
De Niro vive o detetive de homicídios Vincent LaMarca, policial cuja sólida carreira nunca se desviou dos preceitos da lei, mas que não consegue esquecer seu passado traumático. Na década de 50, seu pai fora executado na prisão, depois de ser condenado pelo assassinato de um bebê. O fato foi responsável direto pela opção de Vincent em seguir a carreira policial, mas também o transformou em um homem fechado e um pai omisso.
LaMarca segue em seu cotidiano até que descobre que Joey (James Franco, o Harry Osbourne de Homem-Aranha), seu filho - drogado e desesperado - é o principal suspeito de um assassinato. Agora, o policial precisa escolher entre cumprir seu dever ou encontrar uma maneira de salvar seu filho, além de conviver com a possibilidade de ter sido ele o responsável pelo comportamento do jovem.
Baseado em fatos reais
O roteiro de O último suspeito é baseado numa dramática história real, publicada em 1997 na revista norte-americana Esquire. Obviamente, liberdades criativas foram tomadas para tornar o longa-metragem mais emocionante, como a opção por colocar o detetive - que na realidade já estava aposentado - como o investigador do caso do qual seu filho é acusado. Igualmente interessante foi a escolha de parte da ação acontecer em Long Beach, cidade litorânea que já teve dias de glória, mas que caiu em decadência, graças ao abandono e à falta de cuidado. O ambiente espelha a decadência dos conceitos de família explorados no filme, daí o título original "City by the sea" (Cidade à beira-mar).
Porém, apesar das boas idéias e da abordagem correta da história (uma versão abandonada do roteiro tratava o caso com sensacionalismo), o diretor e o roteirista (Ken Hixon) optaram por saídas de fácil resolução.
Por sorte, a interpretação dos principais protagonistas - merece destaque Frances McDormand (vencedora do Oscar por Fargo), como a namorada do policial - é bastante segura e garante a qualidade da fita.