Robert Rodriguez pode ser considerado um dos diretores mais lucrativos de Hollywood. O cineasta texano é capaz de criar blockbusters com orçamento modesto se comparados a outros filmes da Meca do Cinema.
Pequenos espiões 3-D (Spy kids 3-D: game over, 2003) é mais um exemplo típico desse toque de Midas. Custou 39 milhões de dólares, que foram recuperados em apenas dez dias em cartaz nos Estados Unidos. A película é a terceira da série formada por Pequenos espiões (2001) e Pequenos espiões 2: A ilha dos sonhos perdidos (2002).
A nova produção, como sempre, dispensa as tramas complexas e aposta no entretenimento. A continuação ri da imagem de símbolo sexual de Antonio Banderas, de outros filmes, dos videogames, da própria série e até do presidente dos Estados Unidos.
O roteiro resume-se a Juni (Daryl Sabara), o espião-mirim com cara de nerd gordinho, tentando encontrar sua irmã Carmen (Alexa Veja) que está aprisionada dentro de um game chamado Fim de jogo e, é claro, salvar o mundo. Para tanto, ele também tem de entrar no game.
Quem já era adulto no século passado vai notar logo as semelhanças com Tron (de Steven Lisberger, 1982) principalmente nas cenas da corrida de veículos futuristas. A diferença é que o comando foi tirado de Jeff Bridges e caiu nas mãos de um bando de moleques. Isso dá uma boa idéia sobre o público esperado pelos produtores para usar os óculos 3D, necessários para ver todos os efeitos especiais da produção. Aos novatos em projeções com esse recurso, que muita gente vai achar que foi inventado agora, um aviso: mantenha seus óculos bem ajustados e pegue a pipoca sem olhar para o balde, sob pena de perder completamente o senso de direção.
Como todo filme dirigido aos pré-adolescentes que se preze, Spy kids 3-D também traz sua dose de mensagens sobre a família. Também não é esquecido o respeito aos deficientes, na figura de Ricardo Montalban, que já viveu o irado Khan de Jornada nas estrelas, mas que agora está numa cadeira de rodas. Dentro do game, no entanto, vovô Montalban vira um super-herói capaz de enfrentar o vilão, interpretado por Sylvester Stallone, em quatro versões diferentes, além de outros desafios. Pra completar, Elijah Wood (o Frodo, de O Senhor dos Anéis) ensina ao grupo de jovens como apenas a união conseguirá salvar a humanidade, detonando com sua personagem mais famoso e dando a Tolkien mais uma referência.
A diversão seria perfeita se o roteiro fosse um pouquinho mais profundo do que um disco de pizza, mas não dá pra exigir isso quando George Cloney interpreta o presidente dos Estados Unidos... E já que estamos falando no ex-Dr. Ross de E.R., fique até o final do créditos. Há uma divertidíssima surpresa ali. :-)