A personagem título, Utena Tenjo, é uma moça que entra para uma escola de elite (que parece ter sido projetada por um amálgama de Oscar Niemeyer, Salvador Dali e M. C. Escher) em busca do príncipe (sim, príncipe) que conhecera em sua infância. Por alguma razão não muito bem explicada (no filme pelo menos, soube que na série de TV há mais detalhes) a moça fez dele mais um modelo de comportamento do que um objeto de desejo, ela portanto se veste e age como se fosse um príncipe (os contos de fadas nunca serão mais os mesmos...). Na escola, ela acaba se encontrando com a “noiva das rosas”, a filha do diretor da escola que é disputada em duelos por todos os rapazes do estabelecimento, se entregando ao campeão da vez. Ela tem a estranha capacidade de guardar uma espada dentro de seu corpo (esta é uma metáfora com a sutileza de um rinoceronte...). Utena vence o campeão da vez e inicia um estranho relacionamento com a outra moça. Por esse resumo já deu para perceber que a produção prima pelo surrealismo, não? As coisas prosseguem desse jeito até o final (ultra-surreal). Vendo como um todo, o filme é uma espécie de metáfora da adolescência e transição para a idade adulta, embora isso vá passar longe da percepção da maior parte do público, hipnotizada pela estranheza do filme e seu forte subtexto homossexual. Há momentos de grande lirismo no filme, outros bastante engraçados e alguns de grande carga dramática (destaque para a revelação da verdade sobre o famoso príncipe). O visual e muito da personalidade da protagonista é herdado de uma das mais famosas personagens femininas do mangá/animação japonesa, a protagonista do clássico Lady Oscar (que já foi lançado no Brasil em vídeo anos atrás) e, portanto merece alguma atenção dos admiradores do gênero. Mas o público médio não vai entender lhufas do que se passa na tela...
Filmes
Crítica
Utena - A Guerreira | Crítica
<i>Utena - A guerreira</i>
18.10.2002, às 00H00.
Atualizada em 22.02.2017, ÀS 16H06