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Crítica

Billy Elliot | Crítica

Macho Macho Man

19.03.2001, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H11

Billy Elliot quebra dois tabus que, apesar do passar do tempo, continuam presentes na cabeça de muitos homens:

Billy Elliot

Billy Elliot

Billy Elliot

- "Macho que é macho não chora vendo filme"
- "Balé é coisa de menina"

Numa determinada época da vida, todo menino já pensou desta forma. Ou pior ainda: sofreu com quem pensava assim. Depois, se aprende que uma coisa não tem nada a ver com a outra e que a masculinidade não é nem um pouco afetada por se emocionar no cinema, não gostar de futebol ou dançar balé.

Difícil dizer se foi proposital ou não, mas o trailer pouco mostra. A edição "vende" apenas a história de um menino que descobriu na dança a sua vocação. Billy Elliot é muito mais do que isso.

Chorar e rir com a vida do garoto de 11 anos, que mora numa pequena cidade do norte da Inglaterra, não é tarefa das mais difíceis. Isso, porque a direção do estreante Stephen Daldry é impecável. Vindo do teatro, como seu conterrâneo Sam Mendes (Beleza Americana), Daldry fez todos atuarem de forma convincente, desde o jovem protagonista Jamie Bell até sua esclerosada avó, Jean Heywood (indicada ao Oscar de atriz coadjuvante). Não é à toa que foi indicado ao prêmio de melhor diretor. O filme concorre também ao Oscar de roteiro adaptado.

A Inglaterra de 1984/1985, cenário de Billy Elliot, era palco da greve dos mineradores de carvão. A trilha sonora do filme, com o punk local do The Clash e outras preciosidades, é perfeita como fundo musical para os protestos e confrontos com a polícia. Não poderia ser diferente, afinal, um filme de dança tem que ter música!

Jamie Bell desponta como promessa a uma nova safra de jovens atores. Os dois têm mais em comum do que se poderia imaginar. Assim como seu personagem, ele aprendeu a dançar enfrentando o preconceito de outros meninos e foi encorajado por uma professora que acreditava em seu dom. Nos testes para o papel principal do filme, ele enfrentou a concorrência de outros 2000 jovens dançarinos - feito comparável à sua tentativa de ingressar na Academia Real de Balé da Inglaterra. Ambos adoram chutar uma bola de futebol, fato que pode deixar os machões de plantão em parafuso: como ele pode gostar de futebol (coisa de menino), se ele faz balé (coisa de menina)?

Billy Elliot tem lá os seus clichês, mas isto não diminui nem um pouco todas as suas virtudes (e são muitas!). Pena que a Academia de Artes, que foi tão justa no ano passado ao premiar Beleza Americana, tenha voltado a errar em nem ao menos ter colocado O MAIS BELO FILME DO ANO na lista dos seus cinco melhores. Talvez, este sacrilégio se torne uma dádiva. Afinal, se ele tivesse sido indicado ao prêmio máximo do Oscar, todos estariam falando dele e Billy Elliot é um filme que merece ser visto sem muito pré-conhecimento... E tem mais: se o filme é feito para deixar você feliz, qual o problema? Ser feliz não é coisa pra macho?

Nota do Crítico
Excelente!