Há duas histórias de origem para os Minions, aqueles seres amarelos que podem ter um ou dois olhos, usam macacão jeans, são fofos, adoram bananas e estão sempre tentando ajudar o Gru. A primeira é que eles foram criados como alívio cômico para a animação Meu Malvado Favorito (Despicable Me, 2010) e chamaram tanta atenção que acabaram ganhando seu próprio longa-metragem, que é onde começa a segunda história.
No filme acompanhamos a evolução dos seres vivos na Terra e a devoção dos Minions em tentar servir da melhor forma possível o ser mais vil que eles botarem seu olhos, algo que vem desde que eles eram pequenos organismos unicelulares e nem sempre acaba da melhor forma possível para seus mestres. Após vitimarem mais um de seus líderes e estarem completamente sem rumo, Kevin, Bob e Steve se voluntariam para procurar um novo chefe e reaver seu joie de vivre.
Até este momento há uma linha narrativa, há uma motivação, há situações engraçadas. Chega a empolgar até. Porém, o que se vê a partir daqui é uma animação tecnicamente muito boa, que utiliza elementos para fazer o público gastar (desnecessariamente) uns níqueis a mais nas salas 3D, mas que tem uma trama muito fina, que vai se desgastando ao longo de seus 91 minutos e por pouco não rasga. Ao chegarem durante os anos 60 a Nova York, o trio de bravos seres amarelos logo se encanta com o melhor do rock ’n roll e conhece a maior vilã daqueles dias: Scarlet Overkill (voz de Sandra Bullock no original em inglês e Adriana Esteves no Brasil). Apesar de pouco aproveitar a ambientação em plena revolução hippie, o filme acerta em cheio no Mod londrino e principalmente na trilha sonora, que tem músicas dos Beatles, The Doors, The Kinks, The Who, Jimi Hendrix e outros hinos do rock.
Apesar dos inúmeros acertos, Minions não consegue ser mais do que mediano tantas são as oportunidades desperdiçadas. Em meio às atuais discussões feministas, me parece desnecessário colocar a primeira grande vilã da história da humanidade querendo apenas ser rainha porque na infância não teve seu dia de princesa. Será que não surgiu nas reuniões de discussão do roteiro uma motivação menos batida do que esta? Aparentemente não, mas piora quando se nota que o filme se limita a grudar uma boa piada na outra, numa tentativa de esgotar o assunto. É um exercício válido, mas que lembra uma criança de 3 anos de idade contando uma história, juntando os pedaços que estão na sua cabeça com “daí”, “daí” e mais “daís”, o que pode ser um pouco indigesto para os adultos, mas pode funcionar muito bem com as crianças.
E “daí" (usando a técnica do filme) surge a comparação inevitável. Numa escala cinematográfica em que Divertida Mente poderia ser um Charles Chaplin, Minions conseguiria no máximo ser um Adam Sandler. Tem quem goste, é possível dar risadas, deve fazer dinheiro, mas está longe de ser um clássico do cinema.