Netflix/Divulgação

Filmes

Crítica

Não Se Mexa tem proposta intrigante, mas não cumpre a promessa

Suspense produzido por Sam Raimi tem bons momentos misturados com uma sequência de clichês mal executados

01.11.2024, às 14H53.

Não se Mexa foi divulgado como "um filme produzido por Sam Raimi". Logo, é natural que a qualidade dos seus trabalhos, seja como diretor ou produtor, entre na expectativa da audiência. A premissa tem a simplicidade instigante da grife Raimi: uma moça com problemas na família se vê entre a vida e a morte, quando encontra um homem gentil que a convence de seguir viva; o que ela não sabe nesse contrato faustiano é que ele é um assassino que injeta nela um veneno que a paralisa antes de ele consumar um crime.

A construção inicial de Não se Mexa é convincente; Kelsey Chow consegue transmitir de forma paciente e profunda a dor que a protagonista sente, e a montagem, sem artifícios exagerados, leva o espectador a entender como a depressão leva a jovem à situação retratada. O mesmo ritmo segue com a chegada do psicopata vivido por Finn Wittrock, que nunca deixa dúvidas de ser o antagonista, mas cumpre bem o papel de vilão previsível que thrillers assim pedem.

Do momento da fuga até a injeção que deveria moldar a trama, o filme funciona bem, traçando a expectativa necessária e o ambiente para o suspense agoniante que virá. O problema vem quando Não se Mexa decide que, ao invés de ser sobre a permissão principal e sobre a interação entre os dois personagens, é necessário expandir a trama para pessoas diferentes e ao menos um punhado de situações que acabam por diminuir a força do que se construiu no início. E de repente, o que parecia uma boa proposta se torna só mais um jogo de adivinhação entre pessoas que já sabem o que está acontecendo, esvaziando todo o suspense.

É justo comentar que essa mudança acontece por uma clara intenção de mostrar a superação da vítima em casos de depressão, porém não é a linha que o filme consegue de fato construir. Ao longo de toda a história, por mais que os sinais sobre os problemas dos dois protagonistas sejam pincelados, eles acabam sendo um ponto de frustração para o clima de suspense criado, assim como o clima de suspense se torna uma frustração para a discussão sobre depressão. De toda forma, Não se Mexa consegue trazer bons momentos - uma pena que eles fiquem escassos em meio a tantas situações aleatórias em uma história que precisava de tão pouco para funcionar.

Nota do Crítico
Regular