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Crítica

Os Quebra-Nozes é uma simpática opção para sua lista de filmes de Natal

David Gordon Green deixa as franquias de terror de lado para voltar à comédia

29.11.2024, às 17H36.
Atualizada em 29.11.2024, ÀS 18H38

Quando Os Quebra-Nozes foi escolhido para ser o filme de abertura do Festival de Toronto, em 2024, muitos foram pegos de surpresa. Uma dramédia de Natal, estrelada por Ben Stiller e dirigida por David Gordon Green, um ano após O Exorcista: O Devoto – maior fiasco do diretor, que iniciou a carreira no humor, até hoje. O que não surpreendeu, no entanto, foi a compra dos direitos de distribuição pelo Hulu, empresa do grupo Disney. Agora, faltando um mês para as festividades de fim de ano, a produção chega ao streaming pelo Disney+

O filme conta uma história pouco original. Um forasteiro precisa lidar com algum tipo de problema em uma região completamente diferente da que vive, e tudo começa a mudar quando ele vê que a vida vai além de suas ideias predeterminadas. No caso de Os Quebra-Nozes, essa figura é representada por Mike (Stiller), um workaholic de Chicago, que viaja para a zona rural de Ohio para ficar com os sobrinhos órfãos. Chegando à fazenda pilotando seu seu carro esportivo amarelo, ele encontra os quatro jovens – interpretados pelos três irmãos Homer, Ulysses, Atlas e Arlo Janson – que levam um estilo de vida peculiar, sem as amarras da sociedade e vivem em um verdadeiro caos desde a morte da irmã de Mike.

Os Quebra-Nozes é o típico filme natalino, algo facilmente encaixado no selo do Hallmark e suas comédias melosas e previsíveis. Longe da responsabilidade de agradar (ou irritar) fãs de franquias de horror celebradas, Green parece leve e retorna ao cinema mais simples do início de sua carreira. O diretor, no entanto, não deixa de lado sua criatividade artística, e esse lado mais indie-bucólico se destaca quando ele filma os momentos mais introspectivos dos quatro irmãos. Green equilibra bem o drama e o carisma, em especial devido à boa química entre Ben Stiller e os Jansons. 

Numa atuação que pende menos A Vida Secreta de Walter Mitty e mais Entrando Numa Fria, Stiller faz uma versão contida de seus personagens cômicos, com olhos esbugalhados e um tique de balançar a cabeça toda vez que precisa enfatizar algo. Mike não desenvolve novas facetas, mas engaja justamente por essa relação com os garotos. As melhores partes do filme estão envolvem os jovens, especialmente o irmão mais velho e apaixonado

Quando surge a ideia de usar a arte através uma releitura do balé epónimo de Tchaikovski para homenagear a mãe, os Jansons ganham espaço para brilhar, inclusive comicamente, sem estarem presos na órbita do astro. O drama se revela mais presente do que sugeria o trailer do filme – o material o vende como o clichê do clichê – e os irmãos conseguem estabelecer uma relação de solidão e desapego ao mundo fora da família com a intensidade necessária para esse “gênero” natalino.

Longe de se anunciar como um clássico, Os Quebra-Nozes cumpre bem seu papel. É como se David Gordon Green estivesse tentando fazer sua própria versão de algo no tom de Capitão Fantástico, mas sem um Viggo Mortensen por perto. Mesmo assim, o diretor consegue tirar risadas e lágrimas daqueles mais sedentos por um filme deste tipo na sua lista de fim de ano.

Nota do Crítico
Bom