A Warner Bros. tem em Premonição uma franquia que, entre o primeiro e o quarto filme, lucrava mais a cada continuação. É compreensível que pequenos ajustes na fórmula sejam feitos para não perder esse público, e Premonição 5 toma duas medidas nesse sentido.
Uma delas o espectador só vai entender na última cena, embora pistas sejam largadas ao longo do filme (como o modelo de celular usado pelo personagem de P.J. Byrne). É uma reviravolta interessante dentro da mitologia da série, que pode, em eventuais continuações, ser trabalhada para definir melhor onde começa e termina essa mitologia.
premonição
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A segunda medida é mais discutível. A morte continua perseguindo os personagens que sobrevivem ao enorme acidente que abre o filme - desta vez é a queda de uma ponte suspensa - mas aos condenados agora é permitida uma decisão moral: se eles conseguirem uma pessoa para morrer em seu lugar, livram-se da maldição. Isso aproxima o filme da falsa complexidade de Jogos Mortais, mas seria mesmo o melhor caminho para Premonição?
O fato é que o fator fundamental da renovação da franquia não é temática, e sim técnica: o 3-D. Isso fez a diferença no quarto filme (o maior sucesso da série até aqui) e é aprimorado agora. O diretor Steven Quale, que trabalhou como diretor de segunda unidade em Avatar e está estreando como diretor solo, entende o suficiente da tecnologia para tornar as mortes de Premonição 5 mais interessantes. É menos uma questão de inventidade (novas maneiras de matar), do que de estética (como potencializar o suspense dessas mortes com o 3-D).
Filmar em uma ponte suspensa contribui para isso. É sadismo puro a expectativa (que pode levar meio segundo mas é válida mesmo assim) da queda livre de um corpo que está prestes a ser perfurado por uma haste na superfície da água. O 3-D primeiro adiciona profundidade à imagem (a ponte parece mais alta quando vista de cima), depois avança sobre o espectador, com a haste suja de sangue saltando da tela.
O grande prazer de Premonição - especialmente nos filmes dirigidos com tom cômico por David R. Ellis - sempre foi tentar adivinhar de onde a morte virá, dentro de uma cena. Assim como sadismo puro, é também suspense puro, descomplicado: a faísca do fio desencapado que ninguém percebe, ou o caco de vidro cada vez mais próximo de um rosto.
Steven Quale contribui, neste quinto filme, com uma das melhores cenas desse tipo dentro da franquia: a morte da ginasta. Observamos um parafuso na barra e uma tachinha na trave, uma poça de água que se espalha, um ventilador que fica mais forte. O 3-D serve para potencializar a paranoia: já estamos obcecados com o parafuso e a tachinha, mas os planos-detalhes aumentados pelo 3-D tornam a tensão mais sublime.
O defeito de Premonição 5 é não perceber que sua força vem desses pequenos momentos. Parece que o interesse nas mortes mais elaboradas vai decaindo à medida em que a trama se volta para as decisões morais - e digamos que nem o diretor nem o elenco está preparado para dar estofo e gravidade a essa questão "séria" do "mate ou morra".
Nas mãos de um David Ellis, as decisões morais serviriam pra enriquecer o mise-en-scène das mortes (imagine o destino de uma pessoa sendo decidido não só pelo acaso, mas numa mistura desvairada de acaso com homicídio planejado por outra pessoa). Do jeito que ficou, com uma divisão previsível de heróis e vilões durante o clímax, Premonição 5 perde sua força. Fica previsível, o que é o maior erro que um filme da série pode cometer.
Premonição 5 | Cinemas e horários
Omelete Entrevista Emma Bell