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Crítica

Sex Tape - Perdido na Nuvem | Crítica

Comédia tenta compensar falta de graça com nudez de Cameron Diaz

20.08.2014, às 22H16.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 13H00

Apesar de envolver a troca de fluidos corporais e o contato/exposição de partes que, em outros momentos, são consideradas privadas, sexo não significa intimidade entre duas (ou mais) pessoas. Dessa lição, que é preciso mais do que uma vida sexual ativa para um casamento feliz, surgiu Sex Tape - Perdido na Nuvem.

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Kate Angelo, roteirista veterana de séries de TV como Becker e Will & Grace, vendeu para Sony Pictures, em 2011, a ideia do casal suburbano que faz, e acidentalmente deixa vazar, um vídeo de sexo. No mesmo ano, Jason Segel e Nicholas Stoller chegaram ao projeto, buscando repetir a fórmula comédia + nudez + romance da parceria de Ressaca de Amor (2008). Logo depois, Jake Kasdan assumiu a direção e adicionou Cameron Diaz, que trabalhara com ele e Segel em Professora Sem Classe, ao elenco.

Essa ciranda amigável prometia uma produção entrosada, capaz de tornar naturais as cenas mais constrangedoras. Na tela, porém, essa harmonia não se concretiza. A começar pelo casal principal, que em nenhum momento convence como o libidinoso par que transava loucamente e em qualquer lugar nos tempos de faculdade. Além da falta de química, a diferença de oito anos entre Segel (34) e Diaz (42) gera um efeito bizarro. Com uma pesada maquiagem e a magia da pós-produção, ela rejuvenesce na sequência inicial para depois assumir com dignidade suas marcas de expressão. Ele permanece o mesmo, na faculdade e na vida adulta.

Segel, mais conhecido com o Marshall Eriksen de How I Met Your Mother, perdeu 13 kg para estrelar o longa. Não queria que seu corpo nu fosse a piada (como em Ressaca de Amor). Infelizmente, com os quilos se foi também o carisma do ator, que parece desconfortável a cada cena, mesmo quando vestido. Segel esquece que não há nada mais precioso para a comédia do que timing e vomita suas falas com um olhar vago, quase ausente.

O filme se vende como ousado, propagando a estreia da nudez de Cameron Diaz no cinema e fazendo piadas com salames e cocaína. No fundo, é um apenas grande comercial da Apple. “Como essas coisas são resistentes”, diz o personagem de Segel depois de descobrir que o iPad jogado pela janela continuava intacto (o vazamento da “fita” só ocorre pela necessidade do mesmo sincronizar todos os seus dispositivos).

Salvam-se, com esforço, as participações de Rob LoweJack Black, mas falta à Sex Tape aprender a própria lição sobre qualidade em relacionamentos. Comédias precisam mais do que atores nus em posições constrangedoras para conquistar o público.

Nota do Crítico
Regular