Eddie Murphy em Um Tira da Pesada 4: Axel Foley (Reprodução)

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Crítica

Um Tira da Pesada 4 apela para a nostalgia - e acerta

Eddie Murphy volta à cena do crime para mais tiroteios e destruição nas ruas de Beverly Hills

02.07.2024, às 20H00.

Se você der um play em “Axel F para alguém nascido depois de 2000, são grandes as chances dessa pessoa falar que é a música do Crazy Frog. Mas, para quem viveu nos anos 1980 e 1990, a melodia criada por Harold Faltermeyer certamente vai render um sorriso no rosto e memórias dos dias em que Eddie Murphy lotava os cinemas - afinal, estamos falando do grudento tema de Um Tira da Pesada.

Axel F também é o título original em inglês do quarto filme da franquia, que no Brasil se chama Um Tira da Pesada 4: Axel Foley. No início da trama, vemos Axel mais uma vez desobedecendo ordens de seus superiores, conseguindo deter assaltantes que estavam roubando jogadores de hóquei na cidade de Detroit - mas, após muita destruição pelas ruas, o protagonista acaba mais uma vez sendo transferido para Los Angeles.

É lá na ensolarada cidade californiana que mora sua filha, Jane Saunders (Taylor Paige), uma advogada que trabalha em um luxuoso escritório e defende casos que ninguém quer pegar. Seu mais novo cliente é um latino acusado de matar um policial; o que ela não sabia é que o trabalho colocaria sua vida em risco e faria seu pai atravessar o país para defendê-la e, por tabela, tentar reatar sua relação com a filha.

Andar em meio às palmeiras de Beverly Hills é algo tão natural para Axel Foley quanto passar a lábia em alguém para se dar bem ou destruir carros em meio a perseguições e tiroteios. O filme segue à risca a vibe oitentista de explosões, policiais corruptos e muitas piadas que consagrou a série entre o humor politicamente correto e a pegada violenta da trama policial “das ruas”. Ao mesmo tempo em que acrescenta nomes como Joseph Gordon-Levitt e Kevin Bacon ao elenco, este quarto filme não recua diante dos 30 anos que o separam do terceiro e trata como inevitáveis as participações especiais do passado da franquia, de Paul Reiser e Bronson Pichot a Judge Reinhold e John Ashton.

Se por um lado o roteiro de Will BeallTom Gormican e Kevin Etten é bastante previsível e traz pouco ou quase nada de novo além da questão familiar dos Foley, a direção de Mark Molloy repete com sucesso as regras da franquia. O filme é descaradamente feito para quem nutre por Um Tira da Pesada - a franquia que consagrou Murphy como o maior astro saído do Saturday Night Live para o cinema - sentimentos de nostalgia.

E Eddie Murphy atende esse chamado à altura, voltando ao papel como se nunca tivesse parado de interpretá-lo, e dando pinta de que está pronto para novas missões. Basta que alguém em Beverly Hills (ou na Netflix) esteja pronto para limpar a bagunça que ele deixa para trás e pagar as contas da destruição. Melhor voltar à ação com a ajuda do produtor Jerry Bruckheimer do que ter sua fama "roubada" pelo Crazy Frog, afinal.

Nota do Crítico
Bom