O final de Uma Aventura Lego (The Lego Movie, 2014) tem aquele momento de explodir a cabeça, aquele plot-twist shyamalano que você não esperava, mas que deixa tudo mais... hmmm, incrível! Se você não viu o primeiro filme, me desculpe o spoiler, mas saber que toda a aventura se passava na cabeça de uma criança que brincava no porão de sua casa com a coleção intocável de seu pai (Will Ferrell) é lindo, emocionante e te faz pensar “o que estou fazendo com minhas coisas, se elas não podem ser tocadas?” Sim, com uma animação feita para vender ingressos de cinema, pipoca e, obviamente, mais Lego, Phil Lord e Christopher Miller criaram um manifesto sobre a criatividade nas brincadeiras infantis.
Todo este parágrafo acima foi só para explicar o tanto que gostei da primeira animação e por que estava tão temeroso para esta sequência. Como algo pode ser melhor do que um pedido para deixar as crianças brincarem livremente? Como ser surpreendido uma segunda vez quando você já conhece o truque do mágico? A boa notícia é que eles conseguiram criar algo novo. Pode não ser tão surpreendente quanto a aventura inicial, mas estamos falando de uma ideia tão emocionante quanto a original.
A nova trama se passa em um futuro pós-apocalíptico à lá Mad Max, em que nem tudo parece incrível - exceto para o sempre otimista Emmet (voz original de Chris Pratt). Enquanto os outros bonecos estão cheios de cicatrizes, empoeirados e sem esperança de voltar ao local colorido, limpo e perfeitinho de antigamente, Emmet constrói uma casa colorida, limpa e perfeitinha - e assim chama atenção de aliens, que chegam para abduzir alguns dos cidadãos dali após mais uma batalha destruidora em que nem as habilidades de Mega Estilo ou o ego do Batman conseguem ajudar. Cabe a Emmet, então, partir ao resgate de seus amigos.
Assim como no longa-metragem de 2014, esta nova animação está recheada de piadas e referências a outros filmes e personagens não só da Warner, que produz e distribui o filme, mas de outros estúdios também. Além de zoar com sua própria Liga da Justiça, o Lanterna Verde, o já mencionado Mad Max e até fazer piada com a Marvel, também vemos por ali alguns Velociraptors, o DeLorean, a Estátua da Liberdade como no Planeta dos Macacos (1968) e citações que são uma diversão a mais para os pais que forem levar suas crianças aos cinemas.
E não se engane em achar que o filme foi feito mais pensado nas crianças. Elas vão se divertir e continuar cantando as músicas chiclete que passam na tela (a dos créditos é bem divertida!), dar risadas, mas há ali também uma lição a ser aprendida. Não estamos falando de um episódio do He-Man, mas espero muito que as crianças ao redor do mundo levem em consideração o que está nas telas e aprendam como o pai no primeiro filme.