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Crítica

Vejo Você no Próximo Verão | Crítica

Philip Seymour Hoffman estreia como diretor em águas conhecidas

21.07.2011, às 19H31.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H24

Philip Seymour Hoffman acompanhou de posição privilegiada a trajetória dos filmes indie à moda Sundance nos anos 90 e 2000. De tipos deslocados da realidade - párias apáticos e monossilábicos em um mundo acelerado por informação - o ator entende, do solitário onanista de Felicidade, passando pelo loser padrão de A Família Savage, a casos mais agudos de inadequação, como o de Sinédoque, Nova York.

vejo voce no proximo verao

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Em sua estreia como diretor, Vejo Você no Próximo Verão (Jack Goes Boating), Hoffman se move em águas calmas e conhecidas. O filme se baseia na peça off-Broadway de Bob Glaudini, sobre Jack, um motorista de limusine (Hoffman) que gosta de reggae e não sabe nadar nem cozinhar - duas coisas que ele aprende ao longo do filme para vencer sua timidez e conquistar a igualmente complexada Connie (Amy Ryan).

Dizer que Jack é tímido talvez seja reduzir a questão. Personagens como esse em filmes como esse nunca são apenas introvertidos. É gente no limite do autismo que parece carregar nas costas o peso de todas as mazelas do mundo moderno - como se os filmes indie, para compensar o fatalismo da vida real, desse a seus "heróis" o poder da hipersensibilidade. No caso de Jack, ele visivelmente carrega as dores do casamento falido dos seus melhores amigos (John Ortiz e Daphne Rubin-Vega, que assim como Hoffman reprisam seus personagens da peça).

A maneira como Jack se relaciona com o mundo, portanto, é a chave que vai ditar - como acontece frequentemente nesse subgênero - se Vejo Você no Próximo Verão tem realmente um olho sensível para as coisas ou se apenas reproduz os clichês da hipersensibilidade.

Para um diretor estreante, até que Hoffman se sai bem. Há momentos honestos (as primeiras aulas de natação, em que Jack aprende a abrir os olhos debaixo d'água, são uma síntese interessante, ainda que ingênua, da aprendizagem de ver o mundo) e outros postiços (o cacoete da garganta) ou mal resolvidos (a maioria das cenas de Jack com Connie, o uso desmedido da trilha do Fleet Foxes). O ator/diretor tem o apoio de um bom texto; as melhores cenas, que conservam alguma teatralidade da peça, são aquelas que envolvem os dois casais e os problemas velados de toda relação.

O que pesa a favor de Vejo Você no Próximo Verão no fim, entre altos e baixos, é o fato de Hoffman ter consciência das fragilidades do gênero. Seu boy-meets-girl começa de forma temerária - Jack dizendo que gosta de reggae por ser "essencialmente positivo", sinal do que poderia mais um exemplar de cinema excêntrico-feliz - e termina fazendo um comentário sarcástico dessa postura. Não é um debute que vai alterar a vida de ninguém, mas tem seus momentos.

Vejo Você no Próximo Verão | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom