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Minions 2 | Leandro Hassum conta desafios de dublar Gru criança

Ator falou ao Omelete sobre o novo trabalho

01.07.2022, às 16H18.
Atualizada em 01.07.2022, ÀS 16H51

Um dos artifícios de venda mais tradicionais do mercado de cinema atual, a escolha de celebridades para dublar animações já há alguns anos se converteu em ponto de discussão da internet brasileira. Em especial porque a dublagem se tornou uma ferramenta popularizada, claro, com profissionais ganhando fãs e trabalhos específicos sendo exaltados como parte da nostalgia vigente, mas também pelos casos de ruído nessas escolhas que marcaram o imaginário do público.

Basta citar Enrolados que muitos já se recordam do trauma da participação de Luciano Huck na dublagem da animação da Disney, por exemplo, mas a questão parece ter transcendido o cenário de um infortúnio isolado para se tornar um tópico em si. Só para ficar na mesma distribuidora, é difícil esquecer do caso midiático que se tornou a escolha de Fábio Porchat para dar voz a Olaf em Frozen: Uma Aventura Congelante - sobretudo em como o ator teve que demonstrar publicamente seu comprometimento com o trabalho - ou, mais recentemente, no trabalho de marketing envolvido para anunciar que Marcos Mion substituiria Guilherme Briggs como voz de Buzz Lightyear no filme solo do personagem.

Todo o destrinchamento vigente do debate do marketing versus dublagem pode parecer uma anomalia na perspectiva histórica, e um bom exemplo disso talvez seja o de Leandro Hassum e Meu Malvado Favorito. O ator e comediante é desde 2010 a voz do protagonista Gru na franquia de animação da Illumination, se mantendo no ofício mesmo depois de três filmes e dois derivados lançados.

Muita coisa mudou nesses doze anos, sobretudo do lado de Hassum. O artista deixou de ser conhecido pela parceria com Marcius Melhem em Os Caras de Pau - que lhe rendeu o convite pro primeiro Meu Malvado Favorito, aliás - para se tornar uma potência de exportação da comédia brasileira, com direito a ser dono tanto de uma franquia de grande sucesso nas bilheterias (Até que a Sorte nos Separe) quanto do filme nacional e original Netflix mais visto da plataforma, o natalino Tudo Bem No Natal Que Vem.

O que explica então o comprometimento do artista com o personagem? Paixão, acima de tudo. Durante conversa com o Omelete para divulgar o novo filme da franquia, Minions 2: A Origem de Gru, Hassum não hesita em declarar inúmeras vezes sua paixão pelo universo da dublagem e o papel que desempenha, citando inclusive ter “um carinho enorme” pelo vilão tornado pai - mesmo que muitos não percebam mais o seu crédito.

Muitas pessoas não sabem que sou eu que faço”, diz o ator na entrevista; “Como a minha voz fica muito diferente quando eu faço Gru as pessoas não sabem, e aí às vezes alguém fala ‘Meu Deus! É você o Gru! Eu amo!’”. A dedicação é tamanha que ele lembra das várias ocasiões em que o público não sabia da informação que ele também era responsável pela dublagem de Dru, o irmão do protagonista apresentado em Meu Malvado Favorito 3: “Muita gente também não sabe que sou eu quem dubla o Dru. Acham que são dois atores”, afirma, brincando logo a seguir com a forma carinhosa com a qual lida com essas situações.

A longa experiência de Hassum com o personagem também lhe rendeu uma experiência muito vasta com o ofício da dublagem, até porque o personagem foi mudando ao longo dos anos. “Eu sou um cara que aprendi a dublar, então consigo chegar lá e já entender um pouco mais do que é que o diretor quer” reflete na conversa; “Eu já consigo às vezes dublar sem olhar para a tela - que é o que os dubladores profissionais fazem, olhando só o número aonde começa a fala para pegar a musicalidade - e você vai pegando uma intimidade maior”. Apesar do progresso, o ator é categórico em dizer que “a dificuldade é sempre igual”, especialmente com os avanços da animação: “ela tem ficado cada vez mais aprimorada no lado tecnológico, então às vezes você sincroniza coisas como os gritos, o berrinho, o detalhe do som para dentro…”.

No caso específico deste segundo Minions, o desafio maior foi de criar uma identidade específica para a voz de Gru quando criança, o que para o artista envolveu sobretudo preservar o personagem no processo. “A gente trabalhou para não perder a característica do Gru, mas demos uma suavizada na voz”, explica; “Eu buscava uma coisa que é o que tá mudando na voz, aquele momento do pré-adolescente em que se começa a mudar a voz. Aí ele às vezes está mais suave, em algo mais delicado para a voz, e às vezes rola aquela escapada”.

Nessa hora se percebe o carinho que Hassum tanto fala possuir pela profissão, mas não apenas nos detalhes do trabalho que conta ao entrevistador. Durante a resposta, o dublador faz questão de incluir o diretor de dublagem Manolo Rey nos créditos pelo sucesso da busca pelo tom de voz do jovem Gru, além de reforçar que Rey é “uma pessoa maravilhosa que, para quem não sabe, é também a voz do Homem-Aranha”. Uma sensação de deslumbre que parte de dentro, de uma criança interior que, depois de todos os anos de ofício, ainda encontra nas pequenas informações um sorriso.