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O Corajoso Ratinho Despereaux

Adaptação ameniza premiado livro de Kate DiCamillo, mas compensa com visual

15.01.2009, às 16H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 17H03

Quem conhece o premiado livro A História de Despereaux, da escritora Kate DiCamillo, sabe que o título em português da adaptação ao cinema não está correto, porque Despereaux é um camundongo, e não um rato... Ao longo de O Corajoso Ratinho Desperaux (The Tale of Desperaux, 2008), porém, a dublagem corrige o erro. Não é um mero detalhe. No castelo do filme, o lugar dos ratos é na masmorra, onde sequer conhecem a luz do dia, enquanto Despereaux vive atrás da cozinha, sonha com luminosas aventuras e prefere ler livros ao invés de comê-los.

despereaux

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A história do camundongo começa a se cruzar com a dos ratos quando a rainha morre acidentalmente por causa de Roscuro, um rato viajante recém-chegado no reino. O rei bane todos os ratos e camundongos, e Roscuro vai para a masmorra, onde é acolhido por uma ratazana sinistra, inspirada em Nosferatu. Enquanto isso, Despereaux paga o preço por sonhar cada vez mais alto com seus livros: depois que ousa se aproximar da princesa, vai a julgamento entre os camundongos e também é mandado para a masmorra. Juntos, Roscuro e Despereaux planejam sair de lá.

O filme toma algumas liberdades em relação à obra de DiCamillo, particularmente na caracterização de Despereaux, para ficar menos pesado (o camundongo não é filhote único como no livro, em que seus irmãos morrem no nascimento) e mais heroico (no filme ele é absolutamente destemido, enquanto no livro tem alguns medos, mas supera-os com atos de bravura). A amenização da história deve incomodar, porém, somente aqueles que se apegaram a essas minúcias do livro.

A animação chama a atenção não só por suas tramas paralelas (coisa rara no gênero) que amplificam a fabulação mas, especialmente, por seu visual. Além do evidente cuidado com os designs - Despereaux está mais para Topo Gigio do que para Ratatouille - trata-se da primeira animação da Universal rodada em proporção de tela 2,35:1, a mesma do CinemaScope. A maior horizontalidade serviu muito bem aos épicos nos anos 60, e em Desperaux deixa mais chamativos os cenários - mesmo porque o camundongo e o rato Roscuro são diminutos diante da imensidão do castelo e da masmorra.

O processo não é perfeito. A física da animação não tem nível Pixar - o choque e o peso de objetos, por exemplo, parece um pouco artificial - mas a cara de "artesanato", de projeto autoral oposto às animações industrializadas, compensa as falhas.

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