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Promessas de um Cara de Pau

Comédia política coloca Kevin Costner como cidadão comum: burro, egoísta e deslumbrado

25.09.2008, às 15H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H40
A eleição presidencial dos Estados Unidos é um assunto complicado. Diferentemente do que temos por aqui (e por isso julgamos o mais justo), a eleição por lá é indireta e, por isso, o candidato com o maior número de votos não é necessariamente aquele que sai das urnas vencedor. Entram na jogada também o tamanho e a importância de cada Estado, que tem inclusive formas próprias de decidir quem vai apoiar. Outra grande diferença é que há por lá um bipartidarismo. Republicanos e Democratas se revezam no poder desde 1868 dando poucas - ou nenhuma - chance para partidos e candidatos independentes.

Promessas de um cara de pau

Promessas de um cara de pau

Se você não está entendendo nada e está completamente desinteressado, não se preocupe. Muitos dos estadunidenses sentem a mesma coisa. Como o voto por lá não é obrigatório, não mais do que 60% das pessoas aptas a votarem saem de casa para opinar sobre quem eles julgam o melhor para governar seu país nos próximos quatro anos.

Em Promessas de um Cara de Pau (Swing Vote), Kevin Costner interpreta Bud Johnson, um cidadão comum, que adora futebol-americano, cerveja, música country, as corridas de NASCAR e não tira seu boné da cabeça. No dia da eleição, ele está tão bêbado que não consegue chegar ao local de votação. Sua filha estava lá e decide votar no seu lugar, o que é obviamente ilegal. Na hora de confirmar o voto, porém, um problema elétrico faz com que o voto não seja computado. E, como você já deve estar imaginando, o destino do país fica nas mãos desse cara despreparado.

Há no filme duas críticas. A primeira ao estadunidense médio, que é tratado como burro, egoísta e extremamente deslumbrado. A outra é contra os políticos que farão de tudo para se aproveitar do jeito "simples" do caipirão acenando na sua cara com cervejas geladas, momentos com seus heróis ou até uma simples uma tarde de pescaria. A primeira é bastante pueril, beirando algumas vezes o pastelão. Já a outra é um bem dirigido dedo-na-cara de políticos e seus marketeiros, que fazem de tudo pelo voto, até mudar as plataformas dos seus políticos, o que algumas pessoas podem chamar de "mentira de campanha", mas eu chamo apenas de "mentira" mesmo.

Como comédia com teor político, o filme até começa bem, mas quando descamba para o drama perde toda a sua credibilidade, que já não era grande, pois tropeça em clichês, como já deixa bem claro o fato da menina ser incontavelmente mais inteligente que o pai.

Talvez se tivesse os irmãos Coen na direção conseguisse produzir algo mais mais ácido e ainda mais cômico, deixando para lá os panos quentes colocados da cena final. Como acontece em qualquer campanha política, a promessa é boa, mas não é cumprida.