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Território Restrito

Drama enfoca problema da imigração nos EUA

09.04.2009, às 15H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H46

Território Restrito (Crossing Over) buscava ser para a questão da imigração ilegal nos Estados Unidos o que Traffic foi para o narcotráfico: uma exploração através de vários personagens e ângulos do problema. O diretor Wayne Kramer se esforça, mas não é nenhum Steven Soderbergh, Alejandro González Iñárritu ou Paul Haggis - e esses dois últimos cito pelas óbvias semelhanças entre este drama e outros dois longas com estrutura de múltiplas histórias que discutem temas parecidos, Babel e Crash.

Território Restrito

Kramer desenvolve aqui um curta-metragem seu de 1996. No original, mostrava a história do oficial de imigração que se envolve com o problema de uma imigrante ilegal mexicana deportada. É, obviamente, o arco de história em que ele está mais interessado - e conseguiu até Harrison Ford para o papel do protagonista.

As demais histórias, porém, parecem uma lista de compras que abrange todas as principais nacionalidades que chegam aos Estados Unidos em busca de oportunidade. Nenhuma delas é relevante e os pontos que as ligam soam gratuitos demais. O tema amarraria sozinho a estrutura.

Mas o elenco acredita no projeto - isso é visível e essa crença impede o filme de se tornar totalmente esquecível. Além de Ford estão em Território Restrito Cliff Curtis como um outro oficial de imigração, Ray Liotta interpretando um analista de green card, Ashley Judd vivendo uma advogada de imigrantes e Alice Braga como a mexicana que comove o personagem do Indiana Jones. A brasileira tem pouquíssimo tempo de tela, mas sua presença é uma força poderosa na trama. Aos outros atores restam cenas de melodrama pouco convincentes, apesar da torrente de lágrimas que eles vertem em direção ao "Sonho Americano".

Dessa forma, o filme parece se estender demais, ter personagens em excesso e o desinteresse em uma ou outra subtrama - criada apenas para cumprir a tabela étnica do politicamente correto - chega ao espectador. Kramer teria mais sorte se tivesse enxugado algumas dessas histórias paralelas e evitado as amarras incoerentes entre elas. As imagens que ele usa para passar de uma a outra - cenas aéreas da textura viária angelina - teriam bastado.