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Iggy Pop - Post Pop Depression | Crítica

Com a força de Josh Homme, do Queens of the Stone Age, veterano se reinventa e cria álbum furioso

18.03.2016, às 01H28.

Iggy Pop é um dos maiores veteranos do rock e não é à toa. Josh Homme, líder do Queens of the Stone Age, é um dos maiores nomes do rock de hoje e não é à toa. Juntos, eles prometem se reinventar com Post Pop Depression, disco que já nasce cheio de expectativas por parte dos fãs de ambos os lados.

Post Pop Depression é rock, é punk, é cheio de atitude e redime Iggy do fiasco que foi Aprés. Agora, com a produção e o sangue novo de Homme somando forças, o ícone punk se reencontrou e se revitalizou, resultando um álbum furioso – na medida do possível para alguém de 68 anos – e underground.

"Sunday" já mostrava o tom predominante do disco: vocais ásperos, guitarras pesadas mas contidas, produção cuidadosa, um meio termo entre o hard rock e o punk rock.

"German Days" traz uma das melhores letras de Iggy Pop em décadas e "Paraguay" é furiosa, e mostra o porque de Iggy Pop ser o símbolo que é. Nos minutos finais ele despeja toda sua raiva numa performance inesquecível, sustentada pela guitarra esperta de Homme, que brilha mas dá espaço para seu ídolo brilhar ainda mais. Isso sim é parceria. Não são dois ídolos brigando pelo mesmo holofote: são dois músicos espertos e experientes que sabem o momento perfeito de entrar e sair de cena.

Óbvio, há que se descontar o fato de que Iggy já não consegue mais alcançar as mesmas notas de antigamente, e que Post Pop Depression não é um disco do Stooges. Então, ajuste suas expectativas e divirta-se. O disco é, sim, muito bom e dá pra sentir uma empolgação em Iggy Pop que não se via há muito tempo.

Tematicamente falando, o inteligente título Post Pop Depression já deixa claro que Iggy está numa fase de reflexões. Após ter perdido recentemente David Bowie, um de seus maiores companheiros de vida, e ter visto os colegas de Homme do Eagles of Death Metal sendo vítimas no Bataclan em Paris, no ano passado, Pop abre o peito e encara dias de luto. O disco é hard rock mas tem bastante melancolia, e agora Homme faz o papel de força motriz (como já fizeram Bowie, Ron Asheton e James Williamson, por exemplo) para extrair de Iggy o seu melhor.

E ele conseguiu. Quem entender a proposta vai saber que está ouvindo um clássico moderno. Não espere um disco do QOTSA, mas espere sim um um disco de Iggy Pop moderno, revitalizando seus maiores talentos – musical e liricamente falando – e mostrando um dos maiores ídolos do rock vindo com sangue nos olhos e com os dois pés no peito.

Nota do Crítico
Ótimo