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Oasis: Supersonic | Crítica

Documentário mostra o percurso entre o início da banda e o momento em que se tornaram um dos maiores nomes do segmento

14.12.2016, às 17H05.
Atualizada em 31.03.2017, ÀS 18H01

Hoje, quando se pensa no Oasis, grande parte do que se vê é a briga entre dois irmãos que um dia tiveram uma banda. Um bom exemplo de ingleses, seus humores instáveis e depreciativos.

No entanto, o registro, Oasis: Supersonic, documentário lançado em 2016, cumpre muito bem com sua tarefa de apresentar alguns dos momentos mais interessantes do grupo durante os três anos que separa o Oasis dos ensaios em um porão até o grande show em Knebworth, para o qual 2,5 milhões de pessoas, 4% da população da Inglaterra, tentou comprar ingressos. Um bom projeto para resgatar a história recente do rock.

Apontando curiosidades como o fato de Liam Gallagher se interessar por música somente após levar uma martelada na cabeça, enquanto Noel já trabalhava no segmento, entre tantas outras, o documentário cria uma narrativa interessante para quem gosta da banda e para quem está em busca de entender o que o grupo causou, principalmente em seu país natal, no início dos anos 90.

A forma como o longa apresenta as informações, não é inovadora, mas chama a atenção graças a história dos Gallagher, narrada em off pelos irmãos, com a participação dos primeiros integrantes da banda e de outras pessoas que participaram da história do grupo, sempre em conjunto com fotos e filmagens particulares. Nessas imagens e filmagens resgatadas é possível ver momentos de bastidores com os irmãos se provocando, entender melhor como eles compreendiam a música e também a dinâmica de cada um dos membros do grupo, o que gerava uma convivência inusitada entre eles.

Mat Whitecross, diretor do projeto, ao usar os recursos disponíveis de forma inteligente, conseguiu criar uma narrativa interessante para mostrar cada um dos principais momentos da história do Oasis [dentro do período estaebelecido], sem parecer pedante e sem perder o rítmo, o que é importante para um material com mais de duas horas de duração, baseado em narrações e imagens de arquivo.

E claro, um dos fatores que fica em evidencia, à medida em que os fatos são apresentados, é o humor dos irmãos, sempre instável, mas que os transforma em máquinas de frases de efeito. Um bom exemplo disso está presente no momento em que Noel comenta sobre como foi a composição de "Supersonic": "Foi escrita no tempo que seis pessoas levaram para comer comida japonesa".

É possível ver também ver momentos bizarros e peculiares do grupo como a primeira ida ao Japão, a dificuldade na feitura do som que faziam ao vivo quando foram gravar o primeiro disco, o fatídico show em Los Angeles que quase acabou com a banda, a mudança na forma de Noel controlar o Oasis e declarações que precisam figurar entre algumas das melhores da história do rock, como mais uma de Noel, "Quando dou uma entrevista quero causar o maior estrago possível".

Por fim, esse é um bom material para entender a história de uma das últimas "grandes bandas" de rock a surgir no planeta pré-ferramentas de download e streaming. Possivelmente o melhor material para compreender uma parte do fenômeno do rock, antes que ele se transformasse em um mix menos concentrado de artistas no topo da cena e que deixa a pergunta, quem será capaz de substituir o Oasis com toda essa magnitude pouco mais de 20 anos depois?

Um documentário interessante para entender o tamanho do rock na primeira metade dos anos 90 e como os ingleses fizeram isso muito bem, dentro do seu próprio quintal.

*O documentário foi exibido com exclusividade na Semana Internacional de Música de São Paulo e ainda não tem data de lançamento oficial no Brasil.

Nota do Crítico
Ótimo